Não são muitos aqueles que, em apenas época e meia, conseguiram salvaguardar o estatuto de inesquecíveis junto dos adeptos do Sporting. Em relação a Xandão, esse sentimento deve-se, acima de tudo, ao dia 8 de março de 2012.
O central brasileiro chegou a Alvalade na época 2011/12 e sem nenhuma referência do que era o futebol português. Até então só tinha percorrido o campeonato brasileiro, entre clubes como Atlético Paranaense, Fluminense e São Paulo, mas foi o humilde Desportivo Brasil que, na senda de vários empréstimo, o enviou para o Sporting.
Xandão disputava a zona central da defesa leonina com Daniel Carriço, Oguchi Onyewu, Marco Caneira, Rúben Semedo, Tiago Ilori e até com o compatriota Anderson Polga, mas com o decorrer da temporada foi ganhando o espaço necessário para que Ricardo Sá Pinto apostasse nele a titular diante do 'gigante' Manchester City, na 1.ª mão dos oitavos-de-final da Liga Europa.
O emblema inglês, 'caído' para a segunda competição europeia de clubes por ter sido terceiro num grupo com Bayern Munique e Napoli, viajou até Alvalade com a natural 'arrogância' com que um colosso encara um adversário mais humilde e acabou surpreendido pelo atrevimento dos leões, que nunca se deixaram intimidar.
A disputar o seu sexto jogo pelo Sporting - o primeiro a titular em competições europeias - Xandão aproveitou a defesa de Joe Hart a um livre batido por Matías Fernández e, depois de um primeiro remate que embateu no guardião inglês, eis que foi de calcanhar que o brasileiro descobriu o caminho para um golo, ainda hoje, é lembrado pelos sportinguistas como um dos mais celebrados da história do clube.
Foi assim que, com um balde de água fria, o City seguiu para a 2.ª mão, na qual um triunfo por 3-2 não foi suficiente para seguir em frente, tendo em conta os dois golos marcados fora que, na altura, ainda contavam a dobrar.
Escusado será dizer que Xandão passou a carregar um outro peso depois desse golo histórico e, no total, deu por terminada a passagem pelo clube lisboeta com 40 jogos realizados.
Depois disso, foi feliz na Rússia, onde jogou quatro épocas no Krasnodar, quase sempre a titular, e uma última menos impactante, pelo Anzhi. Seguiram-se o Sporting Gijón e o Brugge, onde Xandão não conseguiu deixar marca, até que se tornou inevitável o regresso ao Brasil, para representar o Red Bull Brasil e o Guarani. O último desafio da carreira como futebolista foi na Polónia, com o Persija Jakarta, com 19 jogos realizados antes do derradeiro ato de pendurar as chuteiras.
Nos dias que correm, Xandão dedica-se à empresa de consultoria de investimentos da qual é co-fundador, sendo que a mesma, como seria de esperar, é especializada em atletas.
No seu perfil nas redes sociais recorda, de quando em vez, o tal golo que, aparentemente, não somente na memória dos adeptos, isto sem nunca esquecer o carinho pelo clube.
Todas as semanas o Desporto ao Minuto apresenta-lhe uma nova edição da rubrica 'O que é feito de...?', que pretende recordar o percurso de algumas personalidades do mundo futebolístico que acabaram por cair no esquecimento.
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