Migrações em destaque na 'campanha relâmpago' na Alemanha até eleições

Os partidos alemães têm pouco mais de três meses para convencer o eleitorado a votar, com os temas das migrações e das finanças públicas a despertar maior interesse e maior discórdia entre os diferentes candidatos.

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Lusa
23/11/2024 10:20 ‧ há 2 horas por Lusa

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Depois da dissolução da coligação que formava o governo alemão, a campanha para as novas eleições começou a 13 de fevereiro no Parlamento (Bundestag) com um discurso de Olaf Scholz e sucessivo debate com os partidos. O ainda chanceler fez um balanço positivo do seu mandato, mas o futuro não parece promissor para o Partido Social Democrata (SPD).

 

"Possivelmente a questão mais relevante desta campanha será as migrações e todos os temas relacionados, como a escassez de habitação, os custos acrescidos dos estados federados com o rendimento social de inserção. As políticas de migração vão influenciar muitas outras, por isso continuará a ser o tema mais importante", apontou o politólogo Uwe Wagschal, da Universidade de Friburgo.

Este não é um tema que favoreça o SPD e os Verdes que formam nesta altura um governo minoritário.

"A Alemanha tem imensos problemas para conseguir financiar todos os migrantes, há o problema da escassez de alojamento, problemas no mercado de trabalho. Olhando, por exemplo, para os refugiados ucranianos, apenas 17% dos residentes na Alemanha estão a trabalhar", constatou o especialista em declarações à Lusa.

É principalmente aqui que os partidos populistas, de extrema-direita a Alternativa para a Alemanha (AfD) e da extrema-esquerda a BSW, Aliança Sahra Wagenknecht, vão buscar votos.

"Ambos são a favor do fecho de fronteiras, mas por motivos diferentes. A BSW para segurar os trabalhadores, a AfD para não deixar entrar migrantes, tal como todos os partidos populistas europeus de direita. Vemos também que a CDU e os Liberais têm vindo a defender cada vez mais este aspeto, tal como o partido 'Freie Wähler' (Eleitores Livres), que pode entrar no próximo parlamento", indicou Wagschal.

Um dos exemplos é o conservador Thomas Haldenwang, o atual presidente do Gabinete Federal para a Proteção da Constituição. Numa entrevista ao jornal Welt, na quarta-feira, Haldenwang admite que muitas das pessoas que chegaram à Alemanha depois de 2015 integraram-se bem e estão a fazer um trabalho importante.

"No entanto também assistimos a um aumento significativo da criminalidade em determinadas áreas. As estatísticas falam por si. Qualquer pessoa que abuse do seu direito de residência na Alemanha deve regressar ao seu país de origem", admitiu.

Para o politólogo Lothar Probst é ainda muito difícil fazer "afirmações claras sobre o resultado destas eleições". Nas últimas legislativas, Scholz também partiu como derrotado, conseguindo dar a volta pouco antes das votações.

"As sondagens mostram que o AfD e o BSW podem atingir, em conjunto, cerca de 20 a 25 %. Isto seria um aumento significativo do apoio dos seus eleitores. Mas não tenho a certeza se isso irá realmente acontecer. As diferenças entre Scholz e Merz vão estar no centro da campanha eleitoral e não é muito claro se a AfD e o BSW vão continuar a beneficiar do mau desempenho da coligação semáforo, que já passou à história", frisou à Lusa.

"Por outro lado, a maioria dos alemães afirma nas sondagens que não confia nem no SPD, nem na CDU/CSU de Friedrich Merz para melhorar a sua situação", constatou.

A situação económica e a forma de lidar com ela é outros dos temas incontornáveis desta campanha. Foram os desentendimentos neste tópico dentro da coligação que levaram à demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, dos Liberais, e ao fim da coligação semáforo, com "o SPD e os Verdes a quererem gastar mais nas políticas públicas, e os liberais a bloquearam estes gastos, defendendo a teto da dívida", relembrou Uwe Wagschal.

As políticas externas e de segurança também preocupam o eleitorado alemão que se questiona sobre o apoio a dar à Ucrânia ou o dinheiro que deve ser gasto em equipar as Forças Armadas. As últimas semanas da campanha eleitoral serão também as primeiras de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o que poderá também ter impacto.

A Alemanha vai a votos a 23 de fevereiro de 2025, sete meses antes do previsto.

Leia Também: Países Baixos batem Alemanha e estão pela 1.ª vez na final da Taça Davis

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