Virginia Dignum, que é professora de IA na Universidade Umeå, Suécia, e integra o órgão de Alto Nível das Nações Unidas sobre inteligência artificial, é oradora principal da conferência DemocracI.A., o II Encontro Sustentável da Plataforma para o Crescimento Sustentável (PCS), que se realiza em Serralves, no Porto, em 25 de novembro.
"O grande desafio da IA neste momento é a governança global, isso foi parte do trabalho que tenho estado a fazer com as Nações Unidas como membro do grupo de Alto Nível de apoio ao secretário-geral", que é "exatamente propormos e estudarmos como é que se pode governar a IA de uma maneira global", diz.
A inteligência artificial está a ser "desenvolvida e usada de uma maneira muito pouco equilibrada através do mundo", prossegue.
"Principalmente, os sistemas de IA que são os mais visíveis para o consumidor e cidadãos, em geral, está a ser desenvolvida nos Estados Unidos, está a ser usada pelo mundo todo e cada parte do mundo tem as suas regras, tem os seus valores, tem os seus princípios, tem os seus contextos", aponta a investigadora portuguesa.
E "ter uma maneira de governar a IA que seja aceitável e de acordo com os princípios das várias regiões em que vai ser usada é um dos maiores desafios, também tendo em atenção que o desenvolvimento da IA não pode ser só feito por explorar as capacidades tecnológicas possíveis, mas principalmente olhando para o que é que a realidade social e os problemas sociais", considera.
Até porque "não é a tecnologia 'first' [primeiro], mas é o problema social e o conteúdo social que tem que se ter em atenção em primeiro lugar", adverte.
Nesse sentido, "a ideia de que a IA é a solução de todos os nossos problemas, que está a ser propagada por algumas companhias e parceiros sociais, é problemática", alerta.
Isto "porque mostra que nem só se percebe bem o que é que é a IA, mas também não se percebe de certeza quais é que são os problemas sociais que estamos a lidar".
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