"Nem negação das realidades, nem catastrofismo", disse Macron no Conselho de Ministros, segundo relatou a porta-voz do executivo, Sophie Primas, numa conferência de imprensa no final da reunião.
A porta-voz insistiu que a mensagem do Presidente é que não deve haver "nem negação das realidades nem um exagero da situação financeira da França".
"A França é um país sólido, com uma força económica significativa, mas temos de recuperar o controlo do nosso destino", referiu ainda Sophie Primas.
Estas palavras de Macron ganham relevo depois de o ministro das Finanças francês, Eric Lombard, ter sido obrigado a retificar, na terça-feira, declarações feitas horas antes em que admitiu o risco de uma intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) no país.
"É algo que queremos evitar, que temos de evitar, mas não vou dizer que o risco não existe", afirmou Lombard que, mais tarde, publicou um texto nas redes sociais a esclarecer que a situação das finanças públicas exige "calma e lucidez".
"Não estamos atualmente sob a ameaça de qualquer intervenção, nem do FMI, nem do Banco Central Europeu (BCE), nem de qualquer organização internacional", adiantou a nova publicação do ministro.
Parlamento francês vota moção de confiança a 8 de setembro
Hoje, a porta-voz do Eliseu (presidência) fez questão de recordar que a França tem o défice mais elevado de todos os países da zona euro em 2024, 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB), e que este ano o peso da dívida será superior ao orçamento da defesa.
Os mercados reagiram mal ao anúncio de segunda-feira do primeiro-ministro, François Bayrou, de que vai levar ao parlamento um voto de confiança marcado para 8 de setembro, devido ao seu plano orçamental para 2026 que prevê cortes na ordem dos 44 mil milhões de euros.
Caso a moção de confiança não passe no parlamento abre-se a porta a uma nova crise política em Paris, que pode levar a eleições antecipadas ou a que Macron nomeie um novo primeiro-ministro.
A porta-voz do governo fez questão de sublinhar que, a 8 de setembro, não se trata de dar confiança a Bayrou para o projeto de orçamento, mas sim para a verificação da situação das contas públicas do país e da necessidade de corrigir a trajetória, e que a forma de o fazer virá mais tarde.
A este respeito, afirmou que a intenção do executivo é manter-se "aberto à discussão" a partir dessa data, com o duplo objetivo de garantir "justiça fiscal e social" e aumentar a produção.
Contudo, toda a oposição, desde a extrema-direita aos partidos de esquerda, desqualificou a política de Bayrou, que está no poder desde dezembro, e anunciou o seu voto contra a moção.
Sophie Primas garantiu que o Conselho de Ministros não discutiu os cenários possíveis no caso de se concretizarem as expectativas mais do que prováveis da queda do Governo.
Entre esses cenários está a possibilidade de o Presidente, Emmanuel Macron, nomear outro primeiro-ministro, na esperança (quase excluída à partida) de obter uma maioria parlamentar, mas também a convocação antecipada de eleições legislativas.
O que a porta-voz do Governo excluiu foi a demissão de Macron, que está a ser pedida, em particular, pela França Insubmissa (LFI, esquerda radical) e pelo seu líder, Jean-Luc Mélenchon.
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