A suspeita do tiroteio ocorrido, esta quarta-feira, na igreja de uma escola católica de Minneapolis, no estado norte-americano do Minnesota, matando duas crianças e provocando dezenas de feridos, foi identificada como Robin Westman, uma mulher transgénero de 23 anos. A jovem publicou online vários textos com referência ao suicídio e crenças violentas.
Sabe-se que a atiradora tinha mudado de nome, em 2020, por se identificar como mulher. Na altura, chamava-se Robert. Até então, note-se, em todas as conferências de imprensa, as autoridades referiram-se sempre à suspeita deste tiroteio no masculino.
As autoridades policiais confirmaram à NBC News que a suspeita deixou vídeos publicados online com textos que fazem referência ao suicídio, "pensamentos e ideias extremamente violentos", um pedido de desculpas à sua família e um esboço manuscrito do interior de uma igreja.
Já o New York Post precisa que, num dos vídeos, surgem frases rabiscadas como "matar Donald Trump" e "pelas crianças", além de armas e carregadores. Estes vídeos, que mostram também balas, terão sido publicados horas antes do ataque em massa numa conta no YouTube.
Além disso, as imagens mostram alguém a passar as páginas de um caderno vermelho, aberto sobre o que parecem ser diagramas esquemáticos de armas. As páginas têm vários rabiscos, que não são percetíveis, e ouve-se alguém a tossir e a rir maniacamente.
Os vídeos parecem ainda deixar clara uma obsessão por atiradores em massa — incluindo Adam Lanza, o responsável pelo tiroteio na escola primária de Sandy Hook.
Recorde-se que, em conferência de imprensa, o chefe da polícia de Minneapolis, Brian O'Hara, disse que duas crianças, de 8 e 10 anos, foram mortas enquanto estavam sentadas nos bancos de uma igreja da escola.
Além disso, outras 17 pessoas ficaram feridas, 14 das quais crianças - duas delas estão em estado crítico.
O responsável adiantou que as autoridades foram alertadas pouco antes das 08h30 (hora local) para um tiroteio durante uma missa naquela escola.
Durante a missa, Robin Westman aproximou-se do lado de fora do edifício e começou a disparar uma espingarda através das janelas da igreja em direção às crianças sentadas nos bancos, atirando através das janelas. Atingiu crianças e fiéis que estavam dentro do edifício", explicou. Tinha três armas diferentes - uma espingarda, uma caçadeira e uma pistola.
"Este foi um ato deliberado de violência contra crianças inocentes e outras pessoas que estavam a rezar. A crueldade e covardia de atirar contra uma igreja cheia de crianças é absolutamente incompreensível", sublinhou.
Terá agido sozinha e não tinha antecedentes criminais. Tirou a própria vida no estacionamento da escola.
As autoridades ainda estão a investigar um possível motivo, disse Brian O'Hara.
O tiroteio ocorreu dois dias após o início das aulas na Escola Católica Annunciation. Esta é uma escola primária privada com cerca de 395 alunos ligada a uma igreja católica romana. Datada de 1923, a escola, que leciona do jardim-de-infância até ao oitavo ano, tinha uma missa para todos os alunos marcada para as 08h15 de hoje, de acordo com o seu 'site' na Internet.
Bill Bienemann, que vive a dois quarteirões de distância e costuma ir à missa à Igreja de Annunciation, relatou ter ouvido dezenas de tiros, talvez uns 50, ao longo de quatro minutos.
A escola foi evacuada e as famílias dos alunos foram posteriormente encaminhadas para uma "zona de reunião". Do lado de fora, no meio de um forte dispositivo policial fardado, crianças com os seus uniformes saíam do edifício aos poucos, acompanhadas por adultos, dando abraços demorados e limpando lágrimas.
Polícias e agentes locais, estaduais, municipais e federais reuniram-se na área, um bairro residencial e comercial arborizado a cerca de oito quilómetros a sul do centro de Minneapolis.
Este foi o mais recente de uma série de ataques armados fatais na cidade em menos de 24 horas: na terça-feira à tarde, uma pessoa morreu e outras seis ficaram feridas num tiroteio, em frente a uma escola secundária em Minneapolis; e horas depois, duas pessoas morreram em outros dois tiroteios na cidade.
O ataque armado de hoje na escola católica de Minneapolis ocorreu também após uma onda de chamadas falsas sobre alegados tiroteios em pelo menos uma dúzia de 'campus' universitários dos Estados Unidos.
Os avisos falsos, por vezes com sons de tiros em fundo, levaram as universidades a emitir mensagens de texto com as palavras "corre, esconde-te, luta", assustando os estudantes de todo o país no início do ano letivo.
[Notícia atualizada às 23h22]
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