O GIMM Care é um dos dois grandes programas de investigação do GIMM, que nasceu da fusão do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e Instituto Gulbenkian de Ciência.
Em entrevista à Lusa, a diretora executiva do GIMM, a cientista Maria Manuel Mota, explica como o GIM Care pretende fazer a ponte entre a descoberta a e a aplicação prática, reduzindo o tempo entre o aparecimento soluções inovadoras de saúde e sua aplicação prática. A intenção é que estas soluções fiquem disponíveis no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Estas equipas são muito mais do que investigadores. É muito mais transdisciplinar. Temos investigadores, mas também temos pessoas da logística a dizer como é que a solução poderia ser aplicada", explicou a responsável, sublinhando que estas equipas trabalham por missões.
Ao contrário das equipas de investigação do programa GIMM Descoberta, em que o espírito é o da "paixão pela investigação" e os cientistas são "absolutamente livres" para a sua investigação, as do programa GIMM Care têm um espírito de missão.
"O trabalho aqui baseia-se em missões, para as quais a ciência já tem descobertas muito importantes e que nós poderíamos em conjunto (...) criar soluções para chegar à população", acrescentou.
Como exemplo de "missões" em que as equipas já trabalham, Maria Manuel Mota aponta o cancro colorretal -- "número um em incidência e mortalidade em Portugal" -- , cujo peso negativo se pretende reduzir, por exemplo, melhorando os rastreios.
"É um cancro completamente evitável, quando descoberto a tempo", lembra a investigadora, recordando: "nenhum país, por mais rico que seja, consegue fazer colonoscopias a todos os seus cidadãos a partir dos 50 anos".
Para ajudar a melhorar o método de rastreio, os investigadores do GIMM, com a experiência obtida com os testes desenvolvidos durante a pandemia, querem ajudar o SNS a levar a mais gente o teste do sangue oculto nas fezes, já usado como rastreio do cancro colorretal, melhorando-o e tornando-o mais "low-cost": "A Holanda conseguiu atingir 80% da população, de dois em dois anos, é isso que nós devemos atingir".
"Temos um rastreio que não chega a grande parte da população", lembra Maria Manuel Mota, acrescentando: "Obviamente, o Serviço Nacional de Saúde é uma peça chave para que este tipo de missões tenham sucesso"
Além do cancro colorretal, o GIMM Care está igualmente focado no cancro da mama, sobretudo nos mais jovens, surgindo cada vez mais em mulheres abaixo dos 40 anos.
Neste caso, como o rastreio (mamografia) implica uma exposição a radiações, lembra que deve haver uma priorização de quem precisa fazer o rastreio: "o objetivo é estar sempre em diálogo com a sociedade, não por alarmismo, para dizer as soluções que existem e como as podemos usar".
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