Gary Neville assina, esta segunda-feira, um extenso artigo no site oficial da Sky Sports, no qual analisa a estreia de Ruben Amorim pelo Manchester United, que terminou com uma igualdade na visita ao terreno do Ipswich Town (1-1).
O ex-jogador dos red devils acreditam que existirão mexidas nas próximas semanas e disse acreditar na capacidade de Amorim de resolver o problema da falta de intensidade nos jogadores.
"Estávamos todos intrigados para ver como ia correr [contra o Ipswich]. Quando vi o onze inicial, fiquei um pouco preocupado com a falta de ritmo. Para ser sincero, não sabia bem como é que eles se iam organizar. Quando os vi em campo, era Noussair Mazraoui, Matthijs de Ligt e Jonny Evans a formar um trio de defesa, com Casemiro e Christian Eriksen no meio-campo. Sabemos muito bem que esses cinco elementos do centro da equipa não têm o ritmo nem a energia necessários e têm uma idade bastante avançada", começou por dizer o antigo defesa inglês, numa curta intervenção no programa Monday Night Football.
"Estava preocupado com a forma como eles se iriam manter compactos e continuar a subir no terreno para manter aquele jogo cheio de energia. O United começou bem, mas voltou a ser o que tem sido nos últimos meses e o Ipswich foi a melhor equipa na segunda parte. Penso que, daqui para a frente, veremos um nível de desempenho mais elevado, depois de ele [Amorim] ter trabalhado mais com os jogadores que regressaram da paragem internacional", prosseguiu Neville.
Sobre a aposta num esquema com três defesas, o ex-jogador acredita que poderá funcionar e até entrou em detalhes sobre qual poderá ser a equipa no futuro próximo.
"Na minha opinião, o defesa-central esquerdo tem de poder jogar como defesa-esquerdo, pelo que Luke Shaw tem boas condições para fazer as duas coisas. O mesmo se pode dizer do defesa-central direito. Vimos Mazraoui a fazê-lo contra o Ipswich. Penso que o Ugarte será um vencedor, porque penso no meio-campo e não apenas porque já jogou com ele. Acho que é a forma de encaixar jogadores como o Rashford, o Garnacho e o Bruno Fernandes. Porque uma coisa que se sabe com este sistema é que temos dois laterais, três defesas e dois avançados. Para mim, Mainoo e Ugarte, a jogar a meio-campo, são certezas absolutas. Acho que o Luke Shaw vai jogar de certeza. Penso que, de qualquer forma, ele seria titular numa defesa a quatro ou numa defesa a três. Penso que, em última análise, Yoro acabará por ser o defesa-central direito, devido à sua energia e ritmo. Portanto, acho que os vencedores serão aqueles que se adaptarem. Penso que os que forem mais flexíveis e ágeis serão os vencedores", frisou o antigo internacional inglês.
"A falta de energia... ele disse-me na entrevista de quinta-feira que a única coisa que quer mudar imediatamente é a capacidade atlética desta equipa e a capacidade atlética do plantel. Penso que ele não se referia apenas a pô-los em forma. Penso que se referia ao facto de eles correrem mais. Falei com ele sobre a sua equipa do Sporting e o facto de ser uma equipa com muita energia. Eram todos uns autênticos cães quando não tinham a posse de bola. E se olharmos para a equipa do Manchester United, vemos que não tem um bom nível de posse de bola, quer nos últimos seis meses, quer nos últimos dois anos. Simplesmente não têm o nível de trabalho que as equipas da liga parecem ter", atirou ainda.
Neville falou ainda das "bandeiras vermelhas" que se viram no jogo do Manchester United em Ipswich e que já estavam bem identificadas.
"As bandeiras vermelhas que estiveram lá têm estado lá provavelmente nos últimos meses e na última época e meia de uma equipa que é muito difícil gostar de ver. E digo isto com respeito, porque acredito sinceramente no que Ruben Amorim disse no final do jogo. Nenhum jogador de futebol entra em campo e quer perder ou não quer ganhar ou trabalhar muito ou fazer bem. Não querem críticas. Mas se os virmos jogar, mesmo com o novo sistema, e olharmos para o Ipswich, que está muito perto do fim da tabela, parece mais organizado, mais bem treinado. Parece que têm mais apetência para o jogo, mais entusiasmo. Isto é uma constante no último ano e meio, dois anos, três anos. Por isso, chegámos a uma situação em que este grupo de jogadores, para ser sincero, criou um padrão para si próprio e tornou-se naquilo que é. É óbvio que ele sabia da dimensão do trabalho, mas ontem terá reconhecido isso. Vai melhorar nas próximas semanas", finalizou.
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