Numa altura em que já se encontra livre de qualquer compromisso com o Ajax, e com via aberta para ocupar o lugar de Martín Anselmi, que ainda não foi despedido, no FC Porto, Francesco Farioli concedeu uma entrevista aos italianos do Cronache di Spogliatoio, publicada na segunda-feira, na qual abordou o futuro, afirmando "não ter pressa" e sublinhando o desejo de "escolher cuidadosamente" o próximo passo na carreira.
"O que espero é permanecer aberto e curioso como tenho sido até agora. Quero encontrar um contexto disponível a trabalhar com os mesmos princípios e a mesma intensidade que sempre procurei colocar em prática nas minhas equipas. É um critério que considero fundamental na hora de avaliar as novas oportunidades. Nos últimos anos, acumulei muita experiência de vida e de trabalho, por isso agora não tenho pressa", começou por dizer Farioli, prosseguindo a explicação, mas sem nunca citar o nome do FC Porto.
"Quero escolher cuidadosamente o meu próximo passo, independentemente do prestígio do clube ou do campeonato. Para mim, é importante trabalhar num ambiente onde se possa trabalhar de acordo com uma determinada forma de fazer as coisas de forma clara e partilhada. É importante esclarecer desde o início o que se gosta e o que pode fazer para evitar conflitos. O confronto é normal em qualquer relação, mas deve ser gerido e direcionado para o resultado final. São precisamente esses pequenos detalhes, esses pequenos pontos, que muitas vezes decidem o sucesso de uma época ou, pelo contrário, levam a situações menos positivas", explicou o treinador italiano de 36 anos.
Francesco Farioli recordou, ainda, a passagem pelo Ajax, clube do qual pediu a demissão no passado mês de maio depois de desperdiçar uma vantagem de nove pontos e deixar fugir o título para o rival PSV.
"No início da temporada, ninguém acreditava em nós. Encontrámos uma equipa e um balneário desiludidos. Os rapazes estavam sem vontade. No entanto, quando todos juntos conseguimos ver um vislumbre de luz, decidimos seguir em frente, dissipando todas as dúvidas e olhando para o futuro com determinação", referiu.
Cultura de trabalho no balneário
Francesco Farioli destacou, na mesma entrevista, a importância da sua equipa técnica se adaptar à realidade de cada clube, dando início à construção da cultura de trabalho que pretende ver implementada no balneário.
"Para alcançar isso, é essencial ter uma equipa sólida, coesa e com uma visão partilhada. Nos últimos anos, sempre trabalhei com um grupo de seis adjuntos principais, cada um com uma função clara: dois assistentes, um preparador físico, um responsável pela recuperação de jogadores lesionados, um preparador físico e um analista de vídeo. No entanto, não podemos ignorar as pessoas que já estão presentes no clube. A nossa tarefa, como equipa que entra uma nova realidade, é colocar imediatamente em funcionamento o que precisamos, mas também ouvir aqueles que conhecem o clube, o campeonato e o contexto. Fizemos isso em Nice e também em Amsterdão. No final, a equipa técnica era composta por 14 pessoas: seis comigo e as outras já faziam parte do Ajax. A vontade mútua em trabalhar e colocar o entusiasmo e as habilidades a serviço da equipa foi um dos fatores-chave da temporada", explicou o treinador italiano.
Novidades nos próximos dias
Farioli passou a não ter qualquer vínculo com o Ajax no arranque deste mês de julho e por esse motivo André Villas-Boas já poderá avançar no processo de troca no comando técnico. Despedir Martín Anselmi, que reclama quatro milhões de euros em salários até 2027, será o primeiro passo e só depois é que o presidente do FC Porto poderá oficializar a chegada do novo técnico italiano, que assinará por duas temporadas.
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