Centenas de pessoas acorreram a Gondomar para se despedirem de Diogo Jota e do irmão, André Silva, que morreram na quinta-feira, num trágico acidente de viação em Espanha.
Durante a manhã e o início da tarde, apenas familiares e amigos mais próximos tiveram acesso à capela, num ambiente de dor íntima, resguardado pela polícia. Quando as portas se abriram à população, o ambiente manteve-se sereno e carregado de emoção, sendo formado um cordão policial para assegurar o fluxo contínuo e respeitador dos que queriam prestar a última homenagem.
"Não o conhecia pessoalmente, mas sentia que era um dos nossos", confessou à Lusa Mário Freitas, adepto do Liverpool, no qual jogava Diogo Jota, e natural de Gondomar: "Custa muito ver partir alguém assim, com tanta vida pela frente. Era um exemplo dentro e fora do campo".
Junto à entrada, uma coroa de flores enviada por Jota Silva, internacional português e jogador do Nottingham Forest, destacava-se entre os arranjos florais que cobriam os degraus da capela. No silêncio do velório, ouvia-se apenas o murmúrio contido da dor e os passos lentos dos que, um a um, se aproximavam das urnas.
"Estou aqui pela família, pelo que estão a passar. O país inteiro chora convosco", disse, com a voz embargada, Carolina Magalhães, de Paços de Ferreira, onde Diogo Jota se estreou como sénior, ainda com 17 anos: "Nunca me vou esquecer da alegria dele a jogar".
Entre os populares, muitos adeptos do Penafiel exibiam camisolas e cachecóis do clube no qual alinhava André Silva.
"O André era muito acarinhado aqui. Sempre humilde, sempre disponível. Foi um choque terrível. Vi-o jogar há duas semanas. Ninguém imagina que algo assim possa acontecer", contou António Ribeiro, sócio dos penafidelenses.
Entre os presentes esteve também uma delegação do Liverpool, o clube que Diogo Jota representava há cinco temporadas. Em sinal de respeito e solidariedade, dirigentes dos 'reds' marcaram presença no velório, acompanhando o momento de dor e prestando homenagem ao internacional português que tantas alegrias deu aos adeptos de Anfield Road.
Aos poucos, nomes ligados ao futebol foram surgindo em silêncio: antigos treinadores, dirigentes, ex-companheiros de equipa, entre os quais André Silva ou Diogo Dalot. Mas o protagonismo, nesse final de tarde quente, foi da gente anónima, com muitos jovens com lágrimas nos olhos, famílias inteiras, avós que ali foram "em nome dos netos", amigos de infância, ex-colegas da escola.
Na entrada, um segurança repetia, com delicadeza, a mesma instrução: "Por favor, um de cada vez, respeitando a fila". E assim, com respeito e silêncio, Gondomar continuou a despedir-se de dois dos seus.
A missa de corpo presente será celebrada no sábado às 10:00, presidida pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda. O cortejo fúnebre sairá depois em direção ao cemitério da freguesia.
Diogo Jota, de 28 anos, e o irmão André Silva, de 25, morreram na quinta-feira de madrugada, num acidente de viação na A52, em Cernadilla, Zamora, em Espanha.
O avançado internacional português jogava no Liverpool, emblema que representava há cinco épocas e pelo qual venceu uma Liga inglesa, uma Taça de Inglaterra e duas Taças da Liga, sagrando-se ainda campeão do Championship, o segundo escalão inglês, com o Wolverhampton.
Depois da formação no Gondomar e no Paços de Ferreira, o avançado representou por uma época o FC Porto, por empréstimo do Atlético de Madrid, sendo depois cedido pelos espanhóis ao Wolverhampton, no qual esteve três temporadas.
Na seleção portuguesa, Diogo Jota somou 49 internacionalizações e 14 golos, tendo conquistado duas edições da Liga das Nações, a mais recente no mês passado, em Munique.
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