A morte de Diogo Jota, na sequência de um acidente de viação sofrido na madrugada desta quinta-feira, em Espanha, está a abalar o mundo do desporto, tendo levado Arne Slot a deixar uma mensagem impactante (e arrepiante) a propósito da partida do avançado do Liverpool, de 28 anos, numa tragédia que vitimou também o seu irmão André Silva, ex-atleta do Penafiel.
"O que dizer? O que alguém pode dizer num momento como este, quando o choque e a dor são tão incrivelmente cruéis? Eu gostaria de ter as palavras, mas sei que não tenho. Tudo o que tenho são sentimentos que sei que muitas pessoas partilharão sobre uma pessoa e um jogador que amávamos muito e uma família com a qual nos importamos tanto. Os meus primeiros pensamentos não são os de um treinador de futebol. São os de um pai, um filho, um irmão e um tio, e pertencem à família de Diogo e André Silva, que sofreram uma perda tão inimaginável", começou por escrever, em tom emotivo.
"A minha mensagem para eles é muito clara: vocês nunca caminharão sozinhos. Os jogadores, a equipa técnica, os adeptos do Liverpool Football Club estão todos com vocês e, pelo que vi hoje, o mesmo pode ser dito da família do futebol. Isto não é apenas uma resposta à tragédia. É também uma reação à bondade das pessoas envolvidas e ao respeito que muitos têm pelos meninos como indivíduos e pela família como um todo. Para nós, como clube, a sensação de choque é absoluta. O Diogo não era apenas o nosso jogador. Ele era um ente querido para todos nós. Era um companheiro de equipa, um colega, um companheiro de trabalho e, em todas essas funções, era muito especial", vincou de seguida o treinador dos reds.
"Eu poderia dizer muito sobre o que ele trouxe para o nosso clube, mas a verdade é que todos que assistiram ao Diogo jogar puderam perceber. Trabalho duro, desejo, comprometimento, grande qualidade, golos. A essência do que um jogador do Liverpool deve ser. Havia também os aspetos que nem todos conseguiam ver. A pessoa que nunca buscou popularidade, mas a encontrou mesmo assim. Não um amigo para duas pessoas, um amigo para todos. Alguém que fazia os outros se sentirem bem consigo mesmos apenas por estarem juntos. Uma pessoa que se importava profundamente com sua família", atirou ainda.
Para além disso, o treinador do Liverpool recordou a última conversa com o internacional português, deixando ainda uma mensagem à sua família.
"Na última vez que conversamos, felicitei o Diogo pela vitória na Liga das Nações e desejei-lhe sorte no seu próximo casamento. De muitas maneiras, foi um verão dos sonhos para Diogo e sua família, o que torna ainda mais doloroso que tenha terminado assim. Quando cheguei ao clube, uma das primeiras músicas que conheci foi a que os nossos adeptos cantam para o Diogo. Eu nunca tinha trabalhado com ele antes, mas soube imediatamente que, se a torcida do Liverpool, que viu tantos grandes jogadores ao longo dos anos, tinha um canto tão único para o Diogo, ele devia ter qualidades especiais", recordou.
"Que tenhamos perdido essas qualidades em circunstâncias tão terríveis é algo com que ainda não nos conformamos. Por isso, precisamos que todos no clube se unam e se apoiem mutuamente. Devemos isso ao Diogo, ao André Silva, à sua família e a nós mesmos. As minhas condolências à esposa do Diogo, Rute, aos seus três lindos filhos e aos pais de Diogo e André Silva. Quando chegar a hora, celebraremos Diogo Jota, relembraremos os seus golos e cantaremos a sua canção. Por enquanto, lembraremos dele como um ser humano único e lamentaremos sua perda. Ele jamais será esquecido. O nome dele é Diogo", rematou Arne Slot.
Recorde-se que Diogo Jota encontrava-se a caminho de Inglaterra mas foi aconselhado a deslocar-se de automóvel (e só depois de ferry), em vez de avião, por motivos de saúde, segundo avança a imprensa desportiva nacional.
Em função da mais recente intervenção cirúrgica ao pulmão a que foi submetido, já depois da conquista de Portugal na Liga das Nações, o ex-avançado do Liverpool recebeu indicação para não fazer a deslocação de avião, de forma a evitar a pressão da cabine, pelo que o plano passava por chegar a Santander, em Espanha, partindo num barco com destino a Portsmouth, num percurso de cerca de 30 horas.
O fatal acidente, recorde-se, aconteceu na A-52, na zona de Zamora, a cerca de 350 quilómetros do local, na sequência de um despiste que terá sido causado pelo rebentamento de um pneu, enquanto era realizada uma ultrapassagem, seguindo-se um incêndio.
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