A decisão é "importante" neste momento e não representa uma mudança de rumo, mas sim uma "intensificação" do apoio já dado a Kiev, disse a chefe da diplomacia alemã a partir de Bruxelas, onde os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da União Europeia (UE) estão hoje reunidos.
Nas mesmas declarações, Baerbock referiu-se à sua recente viagem à Ucrânia (no início de novembro) e explicou que, em cidades próximas da fronteira russa, como Kharkov, as defesas antiaéreas não têm tempo para reagir aos ataques devido à rapidez com que chegam os projéteis disparados do território inimigo.
"É por isso que é tão essencial que a proteção da paz e a proteção da Ucrânia não comecem apenas pela Ucrânia. O direito à autodefesa significa não esperar que um foguete atinja um hospital pediátrico, uma escola ou um bloco de apartamentos normal", afirmou a ministra alemã.
Pelo contrário, de acordo com o direito internacional, é possível atingir os pontos de lançamento destes projéteis em território inimigo e qualquer outro país do mundo faria isso mesmo, argumentou Annalena Baerbock.
Questionada sobre a possibilidade de uma reação de Moscovo, a ministra alemã afirmou que o Presidente russo, Vladimir Putin, está "deliberadamente a jogar com os medos na Europa", defendendo que será necessário ser "mais forte do que o medo".
Numa entrevista à estação de rádio alemã RBB Inforadio, Baerbock sublinhou que a posição do seu partido, os Verdes alemães, foi sempre a de permitir que a Ucrânia se defenda com armas ocidentais de longo alcance, apesar da recusa do chanceler e líder da coligação governamental alemã, Olaf Scholz, devido a preocupações com a possibilidade de uma escalada do conflito.
Pelo contrário, os Verdes encaram a questão "exatamente da mesma forma que os nossos parceiros da Europa de Leste, os britânicos, os franceses ou os norte-americanos", disse Baerbock.
"Se o nosso país fosse atingido por foguetes, 'drones', bombas, se os hospitais das nossas crianças fossem atacados, se o nosso fornecimento de eletricidade fosse atacado, se a nossa vida normal fosse atacada, então também nos defenderíamos", afirmou.
A decisão do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, vem na sequência do acordo alcançado em maio sobre a utilização de armas norte-americanas para atacar regiões fronteiriças do lado russo da fronteira, mas não inclui a utilização de Army Tactical Missile Systems (ATACMS) ou outros mísseis de longo alcance.
A Ucrânia há muito que pedia essa mudança, mas a atual administração dos EUA tinha hesitado até agora tomar uma decisão, receando que isso pudesse levar a uma nova escalada do conflito, iniciado em fevereiro de 2022.
A autorização dada pelo Presidente Joe Biden, a cerca de dois meses de deixar a Casa Branca (presidência norte-americana), já obteve reação do Kremlin (presidência russa), que acusou os EUA de estarem a atirar gasolina para a fogueira.
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