Sánchez, que falava aos jornalistas em Madrid, agradeceu em especial ao PPE (centro-direita) o aval à candidata a vice-presidente da Comissão Europeia e ainda ministra espanhola, a socialista Teresa Ribera, apesar da oposição do Partido Popular (PP, direita) de Espanha.
A Europa precisa de ter uma nova Comissão "quanto antes", para enfrentar "todos os desafios globais" que a Europa tem pela frente, disse Sánchez, que referiu as guerras, a emergência climática e os entendimentos transatlânticos que serão necessários alcançar com a nova administração dos Estados Unidos encabeçada por Donald Trump a partir de 20 de janeiro de 2025.
O primeiro-ministro espanhol criticou, por isso, que o PP espanhol e o seu líder, Alberto Núñez Feijóo, tenham tentado debilitar e bloquear a nova Comissão Europeia, levando para Bruxelas um debate político nacional com o objetivo de "defender a gestão" das inundações de 29 de outubro do presidente do governo regional da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón.
O PP pode defender e proteger Mazón, "mas não à custa de tudo e de todos", nomeadamente, "à custa do Estado autonómico espanhol, dos interesses de Espanha" ou de um bloqueio da nova Comissão Europeia, disse Sánchez.
O primeiro-ministro agradeceu por isso às "principais famílias europeias" e "também ao PPE" a nomeação de Teresa Ribera.
"Precisamos dessa visão para enfrentar com máximas garantias todos os desafios que temos pela frente", afirmou.
As três maiores forças partidárias do Parlamento Europeu -- conservadores, socialistas e liberais -- chegaram na quarta-feira a acordo para aprovar a nova Comissão Europeia, após dias de bloqueio e cedências do PPE e dos Socialistas e Democratas (S&D).
O acordo permitiu dar aval aos sete candidatos a comissários (de um total de 26) que ainda não tinham aprovação dos eurodeputados.
Os nomes mais polémicos eram Teresa Ribera e o candidato indicado por Itália, Rafaelle Fito, relativamente aos quais houve cedências dos conservadores e socialistas: o PPE deixou de exigir a demissão de Teresa Ribera se for envolvida em processos judiciais por causa das inundações em Espanha e o S&D abdicou de pedir que Rafaelle Fito perdesse a vice-presidência.
As inundações de 29 de outubro no leste de Espanha, em que morreram mais de 220 pessoas, têm gerado críticas e trocas de acusações entre o Governo central, liderado pelos socialistas, e o governo regional da Comunidade Valenciana, presidido pelo PP.
O confronto coincidiu com as audições dos candidatos a comissários no Parlamento Europeu e o PP espanhol transformou progressivamente Teresa Ribera, que tem a pasta do Ambiente no Governo de Espanha, no principal foco das críticas.
O PP invocou falhas na informação sobre os caudais dos rios que foi transmitida ao governo regional por agências estatais tuteladas por Teresa Ribera, acusou a ministra de ter estado ausente nos dias das inundações, por estar centrada há meses unicamente no cargo europeu para que foi indicada, e de não ter concretizado obras de prevenção nos seis anos que leva no Governo.
Ribera foi na quarta-feira ao parlamento espanhol e apresentou aos deputados uma cronologia de 29 de outubro com centenas de alertas e comunicações enviados pela Agência Espanhola de Meteorologia (Aemet) e pela Confederação Hidrográfica de Júcar às autoridades autonómicas da Comunidade Valenciana, que têm a responsabilidade da proteção civil.
A ministra considerou que os dois organismos estatais que tutela geraram "os alertas e informações adequados" e afirmou que operaram sempre sob "o comando único" da 'Generalitat' Valenciana (o governo regional), por ser às autoridades autonómicas que compete a gestão da emergência.
"Mas de pouco serve ter toda a informação necessária se quem tem de responder não sabe como o fazer", afirmou.
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