O chefe da diplomacia haitiana, Jean-Victor Harvel Jean-Baptiste, informou na tarde de hoje o diplomata francês Antoine Michon da "indignação do poder de transição face ao que considera ser um gesto inamistoso e inapropriado que merece ser retificado", segundo um comunicado do ministério, a que a AFP teve acesso.
O comunicado refere que o embaixador francês "reconheceu que se tratava de observações infelizes" feitas à margem da cimeira do G20 no Rio de Janeiro.
"Foi entregue uma carta de protesto dirigida ao ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros [francês], Jean-Noël Barrot, foi entregue ao embaixador" Michon, refere o comunicado.
O chefe da diplomacia haitiana reagia a um vídeo filmado na véspera, fora da presença da imprensa, e que circulou nas redes sociais, de Macron quando abandonava o Rio de Janeiro para se deslocar ao Chile.
Segundo a sua comitiva, o chefe de Estado francês respondia a um haitiano que o interpelava "insistentemente", acusando-o e a Paris de "serem responsáveis pela situação no Haiti".
"Francamente, foram os haitianos que mataram o Haiti, ao permitirem o tráfico de droga", respondeu Emmanuel Macron.
"Eu defendi-o, mas eles despediram-no", acrescentou, referindo-se à demissão, a 10 deste mês, do chefe de governo Garry Conille, nomeado cinco meses antes pelo Conselho Presidencial de Transição (CPT) do Haiti.
Desde a demissão, em abril, do controverso primeiro-ministro Ariel Henry, a CPT está à frente do executivo deste país no meio do caos e sem presidente desde 2021.
"É terrível. É terrível. E eu não o posso substituir. São completamente estúpidos e idiota. Nunca o deviam ter tirado. O primeiro-ministro era maravilhoso", continuou o Presidente francês, antes de o vídeo acabar.
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