"A Polónia não aceitará o acordo de comércio livre com os países da América do Sul, ou seja, o bloco do Mercosul, sob esta forma", disse Donald Tusk aos jornalistas, antes de uma reunião do seu gabinete, avançou a agência France-Presse (AFP).
O governo polaco, pró-União Europeia, adotou hoje uma resolução que se opõe à versão atual do acordo com o Mercosul, citando como principal motivo a "preocupação com os agricultores polacos e a segurança alimentar".
As linhas gerais do acordo da UE com o Mercosul, composto pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, foram acordadas em 2019, mas alguns países da UE, incluindo a França, opõem-se ao documento, temendo que afete os seus setores agrícolas.
A França espera reunir outros países europeus para conseguir uma minoria de bloqueio no Conselho da UE, que reúne os 27 Estados-membros, e cujo acordo é necessário uma vez concluídas as negociações.
Varsóvia, que recebeu a visita do ministro da Agricultura francês na sexta-feira, juntou-se a Paris nestas tentativas, disse o vice-primeiro-ministro polaco.
"Estão em curso ações diplomáticas para constituir uma minoria que impedirá a entrada em vigor do acordo", sublinhou Wladyslaw Kosiniak-Kamysz aos jornalistas, acrescentando acreditar que é possível formar aquela minoria, "embora, claro, não seja fácil".
No início deste mês, o Ministério da Agricultura da Polónia já tinha manifestado "sérias reservas" quanto ao acordo UE-Mercosul, alertando que os produtores polacos e europeus poderiam ser "expulsos do mercado da UE" se este fosse assinado.
O ministério tinha realçado que os setores das aves, da carne de bovino, do açúcar e do etanol seriam os mais afetados.
O acordo desencadeou uma nova onda de protestos agrícolas na Europa, nomeadamente em França, onde se registaram dezenas de manifestações por todo o país.
O Governo francês saudou hoje o apoio da Polónia e reiterou a sua firme oposição ao tratado de comércio livre com o Mercosul "tal como a Comissão [Europeia] o imaginou".
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