O secretário-geral do Partido Socialista (PS), José Luís Carneiro, disse, esta terça-feira, que "sempre desempenhou funções com missões bastante difíceis" após ser questionado sobre as palavras do Presidente da República acerca de estar "numa posição muito difícil" como líder da oposição tendo em conta a conjuntura.
"Quando fui secretário de Estado das Comunidades Portuguesas tive de vencer dificuldades muito grandes que tínhamos com a nossa comunidade na Venezuela e não foi tratar com um Estado, foi tratar com 23 Estados onde nós tínhamos uma comunidade de quase 600 mil portugueses e lusodescendentes", afirmou à saída da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.
E acrescentou que enquanto ministro da Administração Interna se esforçou "para garantir a pacificação em várias dimensões nevrálgicas do Estado e as fronteiras do país mais reforçadas em termos de segurança".
"Sempre estive investido de funções e de responsabilidades que exigiram uma grande entrega, um grande sentido de responsabilidade pública e é isso que continuarei a fazer. Os portugueses já me conhecem bem destas funções que tive ao longo do meu percurso político para confiarem a liderança [do partido]", salientou.
E continuou: "Que é uma função difícil, pois com certeza. Ser líder da oposição é sempre uma função difícil, mas para essas funções que também servem as lideranças políticas".
A reunião com Marcelo
Já sobre a reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, José Luís Carneiro diz ter-se mostrado "disponível para contribuir para o sistema de segurança interna", assim como "aperfeiçoar o sistema de justiça".
"E, para também, procurarmos estabelecer um diálogo tendo em vista qualificar a nossa vida democrática. Pude também transmitir aquelas que são prioridades vitais para o nosso desenvolvimento coletivo, a necessidade que há em responder a situações concretas da vida das pessoas", afirmou, referindo-se a questões como "crescimento da economia" e a "possibilidade de contribuir para as melhorias do salários e dos rendimentos das famílias".
José Luís Carneiro destacou ainda as "questões que têm que ver com a Habitação e a necessidade de dar uma resposta mais urgente possível às necessidades da habitação". Referiu ainda "questões relacionados com a Saúde, com as respostas na Educação, na Cultura, na Ciência, no Ensino Superior".
"No quadro desta disponibilidade, deixei ficar um clara intenção de contribuirmos para que este esforço que o país está a fazer para reforçar as capacidades europeias, em termos de defesa, possa contribuir para o desenvolvimento da nossa economia nacional", referiu. No entanto, deixou a nota de que o "investimento em defesa não coloca em causa funções sociais e funções de coesão territorial e económica".
O novo líder do PS salientou que o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa resultou num "diálogo muito construtivo" e ressalvou que o Partido Socialista "quer continuar a ser um partido de grande responsabilidade na defesa da democracia, na defesa das instituições democráticas".
José Luís Carneiro sublinhou que o PS "é um partido responsável e construtivo" e que "está aqui para afirmar uma alternativa política ao Governo", notando que quer "cooperar e estabelecer um diálogo produtivo naquilo que tem que ver com matérias fundamentais do Estado".
"Nós não tratamos em concreto do Orçamento do Estado, mas é evidente, como tenho dito publicamente, está posição é já conhecida. Temos a expectativa de que o Governo compreenda quais são os alicerces do Estado Social que fomos capazes de construir enquanto comunidade nacional e estaremos em oposição clara a tudo quanto coloque em causa esses alicerces do Estado Social e na defesa de valores fundamentais da nossa vida em sociedade", notou.
Questionado sobre a declaração de rendimentos do primeiro-ministro, o secretário-geral do PS escusou-se a responder, dizendo que as respostas cabem a Luís Montenegro.
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