A matéria negra que separa universo pode não ser o que parece

Galáxias antigas e distantes estão a dar aos cientistas mais pistas de que uma força misteriosa chamada matéria negra pode não ser o que pensavam, embora ainda não tenham uma resposta alternativa definitiva.

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© P. van Dokkum

Lusa
21/11/2024 07:12 ‧ há 2 horas por Lusa

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Os astrónomos sabem que o Universo está a ser desmembrado a um ritmo acelerado e durante décadas ficaram intrigados sobre o que poderia estar a acelerar tudo.

 

Os cientistas teorizam que está em causa uma força poderosa e constante, que se ajusta perfeitamente ao modelo matemático principal que descreve como o universo se comporta. Mas não a conseguem ver e não sabem de onde vem, por isso o nome matéria negra.

Esta matéria é tão vasta que se pensa que representa quase 70% do universo - enquanto a matéria comum, como todas as estrelas, planetas e pessoas, representa apenas 5%.

Mas as descobertas publicadas no início deste ano por uma colaboração internacional de investigação de mais de 900 cientistas de todo o mundo produziram uma grande surpresa.

À medida que os cientistas analisavam a forma como as galáxias se movem, descobriram que a força que as empurra ou puxa não parece ser constante.

O mesmo grupo publicou na terça-feira um novo e mais vasto conjunto de análises que resultou numa resposta semelhante, noticiou na quarta-feira a agência Associated Press (AP).

"Não pensei que tal resultado acontecesse durante a minha vida", frisou Mustapha Ishak-Boushaki, cosmólogo da Universidade do Texas em Dallas que faz parte da colaboração.

Chamado Instrumento Espetroscópico de Matéria Negra, utiliza um telescópio a sudoeste de Tucson, no Arizona, para criar um mapa tridimensional do universo ao longo de 11 mil milhões de anos, para ver como as galáxias se agruparam ao longo do tempo e do espaço.

Isto dá aos cientistas informações sobre como o universo evoluiu e para onde pode estar a ir.

O mapa que estão a construir não faria sentido se a matéria negra fosse uma força constante, como é teorizado. Em vez disso, a energia parece estar a mudar ou a enfraquecer com o tempo.

Se este for realmente o caso, isso derrubaria o modelo cosmológico padrão dos astrónomos. Isto pode significar que a matéria negra é muito diferente do que os cientistas pensavam - ou que pode haver algo completamente diferente a acontecer.

"É um momento de grande excitação e também de alguma preocupação e confusão", explicou Bhuvnesh Jain, cosmólogo da Universidade da Pensilvânia que não está envolvido na investigação.

A última descoberta do grupo de cientistas aponta para uma possível explicação a partir de uma teoria mais antiga: que ao longo de milhares de milhões de anos de história cósmica, o Universo se expandiu e as galáxias se aglomeraram como previsto pela relatividade geral de Einstein.

As novas descobertas não são definitivas. Os astrónomos dizem que precisam de mais dados para derrubar uma teoria que parecia encaixar tão bem.

Esperam que as observações de outros telescópios e as novas análises dos novos dados durante os próximos anos determinem se a visão atual da matéria negra se mantém ou diminui.

Como a matéria negra é a maior componente do universo, o seu comportamento determina o destino do universo, explicou David Spergel, astrofísico e presidente da Fundação Simons.

Se a matéria negra for constante, o universo continuará a expandir-se, tornando-se cada vez mais frio e vazio. Se estiver a crescer em força, o universo expandir-se-á tão rapidamente que se destruirá no que os astrónomos chamam 'Big Rip'.

"Não entrem em pânico. Se é isso que está a acontecer, não acontecerá durante milhares de milhões de anos. Mas gostaríamos de saber mais sobre isto", vincou Spergel.

Leia Também: Estação Espacial realizou manobras para evitar colisão com lixo espacial

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