EUA repudiam mandados de captura do TPI para Netanyahu e Gallant

Os Estados Unidos repudiaram hoje a decisão do Tribunal Penal Internacional de emitir mandados de prisão para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e contra a humanidade em Gaza.

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Lusa
21/11/2024 16:38 ‧ há 5 horas por Lusa

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Médio Oriente

"Os Estados Unidos rejeitam fundamentalmente a decisão do tribunal de emitir mandados de prisão para altos funcionários israelitas", declarou um porta-voz da Casa Branca, explicando que Washington está a coordenar com os seus aliados, entre os quais Israel, os "próximos passos" a dar.

 

O Tribunal Penal Internacional (TPI) pediu hoje a detenção e entrega de Netanyahu e Gallant por crimes de guerra e crimes contra a humanidade nos territórios palestinianos, incluindo a utilização da fome como arma de guerra na Faixa de Gaza, apesar das tentativas de Israel para contestar a sua jurisdição e travar o processo.

O porta-voz da Presidência norte-americana afirmou que os Estados Unidos da América (EUA) estão "profundamente preocupados" com a "precipitação" do gabinete do procurador do TPI, liderado por Karim Khan, em emitir os mandados de captura, assim como com os "erros processuais problemáticos que levaram a tal decisão".

"Os Estados Unidos deixaram claro que o TPI não tem jurisdição sobre esta matéria", sublinhou o porta-voz.

Após a emissão dos mandados de captura, Netanyahu classificou a acusação do TPI como "absurda e falsa" e como uma decisão "antissemita", sustentando que "não há nada mais justo do que a guerra que Israel trava em Gaza".

Por seu lado, o movimento islamita palestiniano Hamas, congratulou-se com a decisão, afirmando: "A justiça internacional está connosco contra a entidade sionista".

O TPI não tem força policial para prender suspeitos, mas os seus 125 Estados-membros, entre os quais o Reino Unido e os países da União Europeia, têm o dever de cooperar com o tribunal. Nem os Estados Unidos nem Israel são partes desta instância judicial internacional.

Além da captura de Netanyahu e Gallant, o TPI pediu também hoje a do dirigente militar do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) Mohammed Deif, que Israel já declarou morto num ataque em junho na Faixa de Gaza, embora tal não tenha podido ser confirmado de forma independente.

A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 07 de outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Hamas fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 34 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 412.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 44.000 mortos (quase 2% da população), entre os quais mais de 17.000 menores, e 104.268 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.

O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Na semana passada, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio na Faixa de Gaza e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita.

Leia Também: Argentina diz que mandados do TPI ignoram direito de Israel a defender-se

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