Muçulmanos xiitas celebram Ashura no meio de tensões com Israel

Milhões de seguidores do ramo xiita do Islão, maioritário no Irão e no Iraque, celebraram hoje a Ashura para recordar a morte, no século VII, de Hussein, neto do profeta Maomé.

Iran marks Ashura Day 2025

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Lusa
06/07/2025 13:44 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

As celebrações realizam-se no meio das tensões entre os países árabes e muçulmanos do Médio Oriente e Israel.

 

A Ashura tem um profundo significado religioso e histórico para os xiitas, segundo a agência norte-americana Associated Press (AP).

Assinala a Batalha de Karbala, em 680, na qual o Imã Hussein, juntamente com a família e companheiros, foi morto depois de se ter recusado a jurar fidelidade ao califado omíada, cimentando o cisma entre o Islão sunita e xiita.

Considerado pelos xiitas como o legítimo sucessor de Maomé, a data da morte de Hussein passou a simbolizar a resistência contra a tirania e a injustiça.

No Irão, milhões de pessoas participaram em procissões por todo o país, um luto que se realiza todos os anos e que, nesta ocasião, foi marcado por um forte tom nacionalista, na sequência da guerra de 12 dias com Israel, em junho.

Em algumas celebrações, para além das orações, ressoou o hino persa "Hey Iran" e a leitura de poemas nacionalistas, algo pouco habitual nestes eventos, segundo a agência de notícias espanhola EFE.

O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, aproveitou uma cerimónia na véspera da Ashura, no sábado à noite, para aparecer em público pela primeira vez desde a guerra com Israel.

A guerra arrastou-se até 24 de junho, quando o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um cessar-fogo.

Durante o conflito de 12 dias, Israel atacou instalações militares, nucleares e energéticas iranianas, bem como zonas residenciais em Teerão.

Matou pelo menos 30 comandantes militares de topo e 11 cientistas nucleares, enquanto o Irão respondeu com vagas de ataques de mísseis.

No Iraque, milhares de peregrinos árabes e de outros países entraram no país nos últimos dias, por via terrestre e aérea, para participar nas comemorações, informou o Ministério do Interior num comunicado.

O ministério disse que até agora não tinham sido detetados problemas de segurança.

Referiu que havia um grande afluxo de visitantes que fazem a peregrinação anual à cidade sagrada de Kerbala, no sul do Iraque, e a outros locais religiosos venerados para assinalar a morte do Imã Hussein.

"Todos os postos fronteiriços terrestres e aéreos do país registaram um elevado volume de chegadas nos últimos dias", declarou o ministério.

A mesma fonte assegurou que as autoridades estavam em "alerta máximo para fornecer todo o apoio organizacional e logístico" que garantisse que as celebrações decorreriam sem problemas.

Muitos dos fiéis assinalam a Ashura com rituais de automutilação.

A Ashura é celebrada todos os anos no 10.º dia de Muharram, o primeiro mês do calendário islâmico, mas tem um significado diferente para os muçulmanos sunitas, o ramo maioritário no Médio Oriente, e para os muçulmanos xiitas.

Nos países sunitas, a data assinala o dia em que Noé desembarcou da arca e em que Moisés separou as águas do Mar Vermelho, permitindo o êxodo dos israelitas do Egito, que é celebrado com jejum e orações nas mesquitas.

Para os xiitas, o martírio de Hussein foi um dos principais pontos de viragem na divisão entre os dois principais ramos do Islão, segundo a EFE.

Leia Também: Erdogan acusa Netanyahu de transformar região num banho de sangue

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