Grávida com dores queixou-se em 5 hospitais. Bebé morreu após nascimento

Uma mulher, identificada como E.C., explica que passou por cinco unidades hospitalares em 13 dias - com queixas de dores. Acabou no Hospital de Santa Maria, onde deu à luz. Pouco tempo depois de ter a bebé, a recém-nascida morreu.

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Notícias ao Minuto
29/06/2025 23:14 ‧ há 5 dias por Notícias ao Minuto

País

Lisboa

Uma grávida de 40 semanas foi a cinco hospitais nos distritos de Lisboa e Setúbal com queixas de dores intensas e peso abdominal, este mês, e a bebé acabou por morrer pouco tempo depois do nascimento.

 

A história é avançada este domingo pelo Correio da Manhã, que falou com a mulher, de 37 anos, identificada como E.C.

Tudo começou no dia 10, quando, perto das 40 semanas de gravidez, a mulher foi encaminhada pelo SNS24 para o Ginecologia/Obstetrícia do Hospital de Setúbal.

Por lá, a situação foi avaliada e disseram que "estava tudo bem". E.C. voltou para o Seixal, onde reside, para quase uma semana depois voltar a sentir as mesmas dores. Já no dia 16, foi atendida no Hospital do Barreiro. Aqui, foi-lhe realizada uma cardiotocografia, mais conhecida por CTG, que é um exame complementar não invasivo - que tem como objetivo avaliar o bem-estar fetal.

Também nessa unidade hospitalar lhe disseram que "estava tudo bem" e mandaram-na para casa. Três dias depois, as dores voltaram e E.C. regressou ao hospital, às urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada. "Fizeram CTG, estava tudo bem, mas não internaram porque não tinham vaga", recordou.

Dois dias depois, a situação repetiu-se e E.C. ligou para o SNS24, sendo encaminhada para o Hospital de Cascais, onde lhe disseram, conta ao Correio da Manhã, que não tinham vaga. Aqui, recusou voltar para casa e acabou por ser reencaminhada para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

E.C. deu entrada no Santa Maria a 21 de junho e, aqui, foi decidido que o parto devia ser induzido. "No dia 22, tentaram o parto normal, mas não conseguiram e fizeram cesariana de emergência. A minha filha nasceu com 4525 gramas, mas com batimentos cardíacos fracos. Fizeram manobras de reanimação, mas não resistiu", apontou.

Em resposta ao Notícias ao Minuto, a ULS Almada-Seixal confirmou a entrada da doente "no dia 19 de junho, com 40 semanas e 3 dias de gestação, tendo realizado um CTG, sem registo de alterações patológicas, não apresentando critérios clínicos para internamento".

"A utente foi, então, informada que, se nada se alterasse, às 41 semanas deveria contactar SNS 24 para ser encaminhada para uma unidade hospitalar disponível à data para indução de trabalho de parto", indicou a entidade de saúde responsável pelo Hospital de Garcia de Orta, que também endereçou "sentidas condolências à família".

Notícias ao Minuto está a tentar entrar em contacto com as outras unidades hospitalares acima referidas, mas, até ao momento, sem sucesso.

Ao Correio da Manhã, a Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria explicou que as ecografias apresentadas pela utente "indicavam um feto com crescimento normal" e que a CTG realizada à entrada "era normal."

A decisão de induzir o parto ter-se-á prendido com a existência de "dois partos vaginais anteriores" de E.C., em que um deles o recém-nascido "pesava 3900 g, motivo pelo que não existia qualquer indicação para cesariana."

Segundo a mesma fonte, foi ainda tentado um parto instrumentado, por forma a diminuir o período expulsivo, dado que o feto apresentava "no CTG desacelerações da frequência cardíaca, mas este não teve sucesso, razão pela qual se partiu logo de seguida para uma cesariana".

Terá sido aí que se verificou a existência de um hematoma grande do ligamento largo do útero, "o qual dificultou a incisão no útero e atrasou substancialmente a extração do feto".

"O recém-nascido mostrava sinais de vida, mas não resistiu ao episódio de baixa oxigenação sofrido nos momentos que antecederam o nascimento", explica a ULS Santa Maria.

O resultado da autópsia ainda não é conhecido e, segundo a imprensa, só quando o for é que a mulher decide se irá avançar para fazer uma queixa ou não. 

[Notícia atualizada às 9h00 de dia 30 de junho, com reação da ULS Almada-Seixal]

Leia Também: Familiares despedem-se de grávida mantida viva devido à lei antiaborto

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