Mariana Mortágua admite erros (e vai enfrentar quatro moções opositoras)

A direção do BE, liderada por Mariana Mortágua, reconhece que cometeu erros que levaram à queda eleitoral e vai enfrentar quatro moções opositoras na XIV Convenção Nacional, que apontam falta de democracia interna e pedem mais atenção às bases.

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© Getty Images

Lusa
04/07/2025 10:05 ‧ há 6 horas por Lusa

Política

Bloco de Esquerda

Além da moção de orientação 'A', encabeçada por Mariana Mortágua, e da moção 'S', que a Lusa já tinha noticiado, no passado dia 27, que irá recandidatar-se à reunião magna, em novembro, foram divulgados hoje mais três textos: a moção 'B', intitulada "Reconstruir para um novo ciclo político", a moção 'C', "Mais Bloco, menos tendências" e a moção 'H', que considera que está na "Hora de Recomeçar".

 

Na moção 'A', da atual direção, que congrega mais de seiscentos subscritores, Mariana Mortágua reconhece que tem entre mãos um "partido militante em reconfiguração", após o pior resultado eleitoral de sempre em legislativas em maio, que levou o partido à representação única no parlamento.

Insistindo que a perda de confiança da sua base eleitoral deve ser explicada pela "viragem à direita", a direção admite "erros próprios".

"A resposta da direção à ofensiva sistemática contra o Bloco, limitada a respostas isoladas e sem uma resposta de conjunto, alimentou uma comunicação equívoca que agravou o desgaste público do partido", defendem.

Face à perda de subvenção, o BE "será essencialmente auto-financiado", avisa a atual direção, que salienta a importância do "pagamento de quotas, esforço militante, ou trabalho voluntário em funções técnicas e dirigentes".

Mortágua compromete-se a aumentar os mecanismos de democracia interna, sendo essa a principal crítica da oposição.

A moção 'S', subscrita por cerca de noventa militantes, volta a incluir elementos que integraram a lista de Mariana Mortágua à Mesa Nacional na última convenção do partido, em 2023, como o dirigente Adelino Fortunato ou os antigos deputados à Assembleia da República Heitor Sousa e Alexandra Vieira.

Estes bloquistas mantêm os alertas sobre a possibilidade de uma "diluição ideológica" e apontam a falta de democracia interna como "principal fator de fragilidade" do partido.

A moção 'B', que agrega trinta e seis subscritores, aponta para uma "crescente cristalização de práticas que favorecem a reprodução de lógicas de poder centralizadas e hierarquizadas, mesmo que revestidas de aparente abertura".

Estes bloquistas sugerem que a direção do partido seja eleita em sufrágio universal, "sem delegados".

A moção 'B' critica a linha política adotada pela atual direção, "frequentemente ambígua, que seguiu uma trajetória alicerçada na disputa institucional, ao centro, numa rota de afastamento da matriz fundadora" e apontam o dedo à "excessiva proximidade ao PS" e um "acantonamento parlamento-eleitoral" que "esvaziou o espaço de protesto à esquerda".

Também numa linha de maior "radicalidade das soluções socialistas", os subscritores da moção 'H' querem que o BE volte a ser o partido "anti-sistema".

Estes militantes pedem "um partido menos perdido nos Passos Perdidos" e "mais achado nas lutas", e lamentam que o BE tenha "estigmatizado a divergência", sugerindo a limitação de mandatos e rotatividade nos órgãos.

A moção 'C', com 39 subscritores, converge com as restantes nas críticas à falta de democracia interna, necessária "como do pão para a boca".

Apesar de mostrarem abertura para dialogar com as moções 'H' e 'S', deixam várias críticas à moção 'S' e ao movimento "Convergência", que gerou a antiga moção 'E', encabeçada por Pedro Soares.

Estes bloquistas mostram-se mais moderados e rejeitam "radicalizações": "Devemos graduar as nossas posições, sem, contudo, abandonar os nossos princípios socialistas, pois precisamos de recuperar o eleitorado flutuante do PS, que, nestas eleições, nos virou as costas, preferindo votar no Livre".

No texto, chegam a sugerir uma coligação pré-eleitoral com o Livre em futuras eleições para contornar o problema dos "votos desperdiçados".

Leia Também: Bloco quer permitir dedução dos juros do crédito à habitação no IRS

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