A socialista Alexandra Leitão recorreu às redes sociais, no último sábado, para criticar o Chega, especificamente o facto de André Ventura ter citado no Parlamento, durante a discussão às alterações às leis da nacionalidade e imigração, nomes de alunos menores, que constam na lista de uma escola do centro de Lisboa, e que circulou em grupos de extrema-direita e simpatizantes do neonazismo nas redes sociais.
A candidata do PS à Câmara de Lisboa juntou-se ao coro de críticas ao partido devido ao que aconteceu e considerou que o episódio ultrapassou "o que é aceitável numa democracia", defendendo que "está é a rampa deslizante" que é necessário "inverter".
"O que aconteceu ontem [sexta-feira] na Assembleia da República não podia ter acontecido. O Chega usou nomes de crianças num debate político, ultrapassando o que é aceitável numa democracia", começou por escrever numa publicação divulgada na rede social X (antigo Twitter).
"Instrumentalizar menores para alimentar o discurso de ódio é vergonhoso, desumano e perigoso. Estou solidária com as famílias das crianças que viram o seu nome exposto. Esta é a rampa deslizante que temos de inverter antes que seja tarde demais", acrescentou ainda.
O que aconteceu ontem na Assembleia da República não podia ter acontecido. O Chega usou nomes de crianças num debate político, ultrapassando o que é aceitável numa democracia. Instrumentalizar menores para alimentar o discurso de ódio é vergonhoso, desumano e perigoso. Estou…
— Alexandra Leitão (@Alexandrarfl) July 5, 2025
De recordar que, quando André Ventura começou a citar os nomes, vários deputados das bancadas da Esquerda intervieram e tentaram interromper o presidente do Chega, mas não quem estava a dirigir a ordem de trabalhos. A líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, acabaria mesmo por ficar emocionada, pedindo "humanismo".
Já esta domingo, também na rede X, Ventura voltou a comentar a polémica.
"Uma parte do país ficou incomodada com a leitura de nomes islâmicos e indianos nas escolas portuguesas. Dizem que é instrumentalização política. Curioso, nunca os vi preocupados com o uso de crianças e jovens na propaganda LGBT ou nos folhetins do Bloco e do PCP", escreveu.
Uma parte do país ficou incomodada com a leitura de nomes islâmicos e indianos nas escolas portuguesas. Dizem que é instrumentalização política. Curioso, nunca os vi preocupados com o uso de crianças e jovens na propaganda LGBT ou nos folhetins do Bloco e do PCP.
— André Ventura (@AndreCVentura) July 6, 2025
De notar que as iniciativas do Governo de alteração aos diplomas da nacionalidade e da imigração baixaram à fase de especialidade sem serem votadas na generalidade, bem como projetos-lei do Chega sobre as mesmas matérias.
A proposta de lei do Governo de alteração ao diploma da nacionalidade, que será agora discutida em comissão, quer aumentar o período de permanência em Portugal exigido para a obtenção da cidadania (de cinco para 7 ou 10 anos, consoante se trate de cidadãos lusófonos ou não lusófonos).
O Governo prevê, ainda, a possibilidade da perda da nacionalidade para os naturalizados há menos de 10 anos e sejam condenados a pena de prisão efetiva igual ou superior a 5 anos pela prática de crimes graves. Quanto à atribuição de nacionalidade originária a descendentes de estrangeiros residentes em Portugal, passa a exigir-se a residência legal durante o período de três anos.
Já o projeto-lei do Chega, que também passou à especialidade, propõe "a perda da nacionalidade adquirida por naturalização ou quando tenham dupla nacionalidade, nos casos em que o indivíduo pratique atos que atentem gravemente contra a soberania, a segurança nacional ou os princípios essenciais do Estado de Direito".
Na lei de estrangeiros, o Governo pretende restringir o visto para procura de trabalho "a atividades altamente qualificadas", limitar o acesso ao reagrupamento familiar e alterar as condições para a concessão de autorização de residência aos cidadãos nacionais de Estados-Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Já o Chega apresenta um projeto de lei que "restringe as normas em matéria de entrada e permanência em território nacional", impondo quotas de entrada de acordo com as necessidades laborais identificadas pelas autoridades.
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