Os Estados Unidos suspenderam a autorização da vacina contra o vírus chikungunya do laboratório franco-austríaco Valneva. Foi foi uma das primeiras a ser desenvolvida contra a doença viral transmitida para humanos através de picadas de mosquitos. França também já tinha suspenso a vacina e na União Europeia esteve apenas está disponível para menores de 65 anos. Em causa estão efeitos secundários graves como eventos cardíacos e neurológicos. Mas afinal, que vírus é este? Também existe em Portugal?
Segundo 'website' do Hospital da Luz, "chikungunya é o nome da doença, infeção ou febre causada pelo vírus com o mesmo nome.” Revelam ainda que “o primeiro caso de chikungunya ocorreu no Planalto Makonde, na Tanzânia, em 1952.”
É de um dialeto local que tem origem o nome da infeção e do vírus. “Significa ficar curvado , dobrado ou andar curvado e está relacionado com a postura adotada pelos doentes consequente à dor articular provocada pela infeção.”
Esta infeção não é transmitida de pessoas para pessoas, é sempre através de um mosquito infetado. “No entanto, está documentada a transmissão de mãe para filho na gravidez e no periparto e na sequência de transfusões de sangue contaminado.”
Em causa estão as picadas de mosquitos do género Aedes. “O homem é o principal reservatório do vírus chikungunya e a transmissão acontece quando as fêmeas Aedes aegypti e Aedes albopictus picam para se alimentarem do sangue que precisam para completar o seu ciclo de vida.”
Chikungunya. Os sintomas, o tratamento e a prevenção
Entre alguns dos sintomas mais relatados estão “febre de início súbito, frequentemente elevada, acompanhada de dor de cabeça, arrepios, intolerância à luz, náuseas e vómitos e erupção cutânea; e dor articular e muscular incapacitante com início 2 a 5 dias depois da febre, atingindo particularmente as articulações mais distais”.
Entre 10% a 15% dos casos são assintomáticos e com doença ligeira. Forma crónica e incapacitante está relacionada 30% a 40% dos casos. “As formas mais graves da doença tendem a ocorrem em grupos de risco específicos, como são as mulheres em fases avançadas da gravidez, as faixas etárias mais avançadas (mais de 65 anos) e as pessoas com outras doenças, por exemplo insuficiência renal ou cardíaca.”
Não existem medicamentos para o tratamento em específico deste vírus e assim apenas é feito o alívio dos sintomas, principalmente para as dores e as articulações. No que diz respeito à prevenção, além do controlo de população de mosquitos, a vacina é uma das formas aprovadas, se bem que com alguma discórdia entre países, como se percebe com as recentes notícias de aprovação e suspensão.
O vírus Chikungunya em Portugal
Segundo dados do Hospital da Luz, a presença está registada na ilha da Madeira desde 2005. "Em Portugal continental o mosquito Aedes albopictus foi identificado em 2017 no concelho de Penafiel, em 2018 em Loulé, e em 2022 em vários concelhos algarvios e em Mértola e em 2023 em Lisboa." Desde aí que não foram encontrados mais casos em Portugal.
"O potencial pandémico do vírus chikungunya é conhecido e, por isso, a doença é considerada prioritária para o desenvolvimento de vacinas. O risco de aumentarem os casos de infeção chikungunya na Europa é real, embora seja baixo, pois estão reunidas as condições necessárias, particularmente nos países da bacia mediterrânica”, continuam.
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