"O Governo não nos ouviu. Contudo, li com atenção e com sentido positivo as declarações do líder parlamentar do PSD de que o Governo aceitava uma comissão técnica independente. Parece-me que é um bom princípio e, portanto, vamos aprová-la na Assembleia da República para avaliar o que correu bem e o que não correu bem", afirmou aos jornalistas, em Viseu.
Na sessão de abertura da 21.ª edição da Universidade de Verão do PSD, Hugo Soares considerou "despropositada e inútil" a proposta do Chega de um inquérito sobre os incêndios desde 2017, mas disse ver "com bons olhos" a do PS de uma nova comissão técnica independente.
Hugo Soares distinguiu as propostas dos dois principais partidos da oposição feitas nas últimas semanas, dizendo ver "com bons olhos" a do PS de criação de uma nova comissão técnica independente, "longe dos políticos, longe do combate partidário", apesar de acusar os socialistas de terem sido "um bocadinho ligeiros nas críticas ao Governo".
José Luís Carneiro disse aos jornalistas que o PS, além de ter apresentado a proposta de constituição de uma comissão técnica independente, foi o primeiro partido a apresentar propostas, para que não houvesse "necessidade de repetir erros".
"Se o Governo tivesse ouvido, tinha acionado o Mecanismo Europeu de Proteção Civil logo por alturas de 01 de agosto, antes de ter necessidade de recorrer aos meios aéreos de Marrocos", frisou.
Segundo o líder socialista, "se o Governo tivesse ouvido, tinha determinado a situação de contingência", o que permitiria "mobilizar os meios públicos e os meios privados", para, por exemplo, "abertura de aceiros, terraplenagens, mobilização das máquinas retroescavadoras".
"E depois propus a situação de calamidade para mobilizar os apoios àqueles que carecem de apoios para recuperar a produção, recuperar e proteger as populações e dar nova vida às comunidades locais", acrescentou.
Na sua opinião, "os responsáveis do Governo deviam ouvir aqueles que estiveram nas funções porque podem dar um contributo importante".
"Quando estava na Administração Interna, ouvi ministros anteriores do PS e também do PSD", contou, explicando que o objetivo era não cometer os mesmos erros numa área que é "vital para a salvaguarda da vida das pessoas, do seu património e dos seus bens".
José Luís Carneiro lembrou que, quando foi ministro, no seguimento dos incêndios da Serra da Estrela, convidou "os maiores peritos nacionais, cerca de 30, que elaboraram as suas recomendações".
"Várias dessas recomendações foram integradas no dispositivo de combate a incêndios para 2023 e também para 2024 e foram publicadas num livro editado pelo Ministério da Ciência e também com o contributo da Administração Interna. O que estou a defender foi aquilo que defendi quando era também ministro da Administração Interna", frisou.
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