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"Disse que seria presidente do Sporting, cumpri. Agora quero outra coisa"

Bruno de Carvalho é o convidado da 1.ª edição da rubrica mensal 'Eu "show" de bola' do Desporto ao Minuto, em que se pretende perceber melhor o que faz alguém 'viajar' do mundo desportivo para a arte do entretenimento.

Rubrica_Bruno_de_Carvalho

© André Rolo | Global Imagens

Miguel Simões
01/07/2025 07:30 ‧ há 4 dias por Miguel Simões

Desporto

Eu 'show' de bola

O nome de Bruno Miguel Azevedo Gaspar de Carvalho diz-lhe alguma coisa? Pois bem, a questão até deveria ser mais a de quem é que não o conhece. O antigo presidente do Sporting deu (e muito) que falar na sua passagem pelo mundo do desporto, navegando entre quem se rendesse e quem o tentasse 'arrasar', mas a história, agora, é outra.

 

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Bruno de Carvalho aceitou ser o primeiro convidado da rubrica 'Eu "show" de bola' (lançada na primeira semana de cada mês), em que se pretende perceber melhor o que faz alguém 'viajar' do desporto para o mundo do entretenimento. E que longa viagem...

Num dia em que se celebra o 119.º aniversário do Sporting, o antecessor de Frederico Varandas (atual líder máximo dos leões) deu-nos a conhecer o 'bichinho' por áreas como música, teatro e televisão, sendo que, neste último capítulo, já somou participações sonantes nos realitys shows 'Big Brother Famosos' e 'Secret Story - Desafio Final'.

Após ter estado a comandar os destinos do clube de Alvalade entre 2013 e 2018, Bruno de Carvalho procurou 'fintar' as polémicas com que se deparou, sobretudo em torno das acusações de crime face ao mediático ataque à academia de Alcochete. O antigo empresário aventurou-se como produtor musical e DJ, aceitou entrar em diversos programas televisivos e até já se prepara para lançar uma peça de teatro, na qual será ator.

Afinal, o que motiva alguém apaixonado pelo desporto 'abraçar' o ramo do entretenimento de forma tão diversificada? É o próprio Bruno de Carvalho que nos explica.

Quando havia as festas de Natal no Sporting, as pessoas iam-se embora e eu ficava a meter música. Já era uma coisa que eu gostava muito de fazerApós uma passagem marcante (e polémica) pelo mundo do desporto, aventurou-se como DJ, em 2021. Por que motivo?

A música, para mim, sempre foi algo muito importante. Descobri isso quando era miúdo. Eu tinha um péssimo acordar e era o meu pai que sofria quando me ia acordar. Ele já me mandava com aqueles chouriços de cama à cabeça e dizia "Bruno, acorda", enquanto fugia dali. Era mesmo insuportável. Percebi que, quando me iam acordar, se ouvisse meia hora de música, já era o rapaz mais doce do mundo. Acalmava-me. Quando ouço música, abstraio-me de tudo o que se está a passar na minha vida. Quando havia as festas de parceiros ou de Natal no Sporting, as pessoas iam-se embora e eu ficava a meter música. Já era uma coisa que eu gostava muito de fazer. A situação tornou-se extremamente complexa depois da polémica de Alcochete. O nome Bruno de Carvalho tornou-se, nessa altura, muito tóxico. Alguém com a minha capacidade de economia e de gestão, passou logo a ser uma pessoa tóxica. 

Nunca se tinha visto alguém, em plena Assembleia da República, a dizer que aconteceu um crime e que o criminoso foi o Bruno de Carvalho. Foi o que fez Ferro Rodrigues, o [então] presidente da Assembleia da República. É de bradar aos céus. As pessoas diziam para eu abrir uma empresa, com as minhas capacidades. Eu tinha de ter a capacidade de perceber que não… Falei com muitas pessoas e percebia muitas pelo sorriso. Sempre adorei ler o olhar das pessoas. Aliás, eu sento-me numa mesa e, após dez segundos, sei o que toda a gente quer. Percebia que estavam a sorrir, mas em pânico. Foi aí que pensei em fazer a segunda coisa que sempre quis na vida. Disse ao meu pai que ia ser presidente do Sporting e cumpri. A segunda coisa que queria era a indústria do entretenimento, da música ao acting. Nunca enveredei a sério por aí porque a minha cabeça estava no Sporting. Quando o sonho foi cumprido e interrompido, percebi que não dava para ir por ali, porque aquela malta [críticos] carregou tanto… Fiz outra coisa que também gosto, com todos os riscos inerentes. Não se sabia o que iria acontecer quando me apresentasse a milhares de pessoas. Já cheguei a ter shows com oito mil pessoas. Mais uma vez, tive de dizer "Vamos lá, sem receio". Trabalho uma média de quatro horas diárias na arte de 'djing', depois ainda há a parte da produção musical.

Até podia aproveitar o nome, como sendo ex-presidente do Sporting, mas eu não queria manter esse título. Isso traz coisas boas e más durante a noite, até porque nem toda a gente é do Sporting e nem todos os adeptos do Sporting têm uma visão correta das coisas. Só enganamos uma vez. Se não formos bons, não nos chamam uma segunda vez e não há mais espetáculos. Se continuas é porque tu és bom e fazes o teu trabalho. Sendo eu o Bruno Carvalho, quis-me preparar mesmo afincadamente. Não gosto de falhar e tenho muito respeito pelas pessoas que me vão ver. Lembro-me que tive um jantar no Sporting, com 1.200 pessoas, em que só fui comer quando acabei de cumprimentar a última. Nos espetáculos é igual. Estou ali a respeitar cada uma das pessoas e o que querem. Não há cá coisas pré-definidas na minha cabeça. Sei mais ou menos aquilo que quero, mas a noite é deles, não é minha. Eles guiam-me, vamos fazer a festa em conjunto. A cada ano lanço músicas, estou a fazer agora um rebrading da minha imagem e quero algo diferente. Aquela história de ser DJ por ser o ex-presidente do Sporting não funciona. Isso tinha funcionado em 2021. Em 2022, já estaria fora do mercado porque mais ninguém quereria saber disso. Para isso vivia de aparições e pagavam-me para aparecer nos sítios, em vez de ser para passar música.

A esse caminho na música junta-se um outro, nos reality shows. Aceitou entrar no 'Big Brother Famosos', em 2022, como figura de cartaz, onde também conquistou fãs, até que se deparou com novas polémicas. De tudo o que viveu nessa experiência, arrepende-se de algo?

Mais uma vez, tenho de dizer que sou muito obstinado nas coisas. Quando meto algo na cabeça, sou lixado. Primeiro foi a parte de DJ e depois o acting. Este ano, finalmente, vou estrear a minha peça de teatro. Sem fugir à pergunta, eu entro no programa exatamente por causa da peça. Como tinha o objetivo de ser DJ e ator, apareceu aquela oportunidade, tanto que a TVI é a media partner e vou aparecendo nos programas com a peça em mira. A experiência foi interessante. Ia com o objetivo de estar lá pouco tempo, mas apaixonei-me. Não estava nos planos, mas acabou por mostrar o Bruno que eu sou. As pessoas só tinham tido a oportunidade de conhecer-me como presidente do Sporting, contra Pinto da Costa [FC Porto] e Luís Filipe Vieira [Benfica] a presidir. Se me dessem a presidência do Sporting, contra Rui Costa e André Villas-Boas, é como se estivesse de férias no Algarve o ano todo. Peço mil desculpas com todo o respeito que tenho por eles [risos]. Não brinquem comigo…

Ali [no Big Brother] viram-me como eu sou, mais divertido, mais refilão… Aquilo começou a fazer confusão na cabeça das pessoas. Pensaram 'este tipo já estava morto e enterrado e agora as pessoas estão a gostar dele?'. Mandaram três tiros no porta-aviões, cinco no submarino e não sei mais quantas bombas de longo alcance, mas o gajo ainda estava vivo e tinha de morrer. Onde é que me podiam apanhar? Na outra vez foi com a filha e ali, que estava apaixonado, voltaram a ir à minha parte, que é a de toda a gente, que não seja sociopata ou psicopata: a parte das pessoas que amamos, desde os filhos aos companheiros. Inventaram uma cena outra vez à volta do crime, que ainda conseguia ser pior. O outro [crime] ainda tinha um certo glamour porque ser um terrorista português não é para todos. Cheguei ao cúmulo de ter uma deputada do Bloco de Esquerda a mandar emails à TVI a dizer que eu tinha de ser expulso do programa. Isto, comigo, atinge sempre umas proporções do arco da velha. Não sou o José Manuel da esquina. Há malta lá aos pontapés e aos empurrões. Ninguém lhes liga nenhuma. Comigo, vai do Presidente da República aos deputados. Ou eles me amam, ou não percebo. Não os conheço de lado nenhum, acho que nunca lhes fiz mal nenhum.

Bruno de Carvalho expulso do Big Brother Famosos

Bruno de Carvalho expulso do Big Brother Famosos

A saída do ex dirigente do Sporting acontece depois de uma semana de polémica em que este está a ser acusado de violência psicológica sob a concorrente Liliana.

Notícias ao Minuto | 00:08 - 14/02/2022

Há pessoas tão mediáticas quanto eu, que não têm este grau de rejeição. São favores que vão sendo cobrados e que depois vou descobrindo. Nem vale a pena falar muito em entrevistas. Isto era uma das coisas mais maravilhosas para um documentário à séria numa Netflix, para nós percebemos como é que a sociedade se mexe de facto. Se algum dia alguém pretender fazer a sério um documentário, eu falarei. É muito engraçado… As pessoas que viram o canal 24 horas sobre 24 horas, perceberam o que sou. Não sou aquele que está sempre a falar de futebol e a mandar bocas ao FC Porto e ao Benfica. Ninguém olhava para nós de outra forma. De que me arrependo? Não me arrependo nada. Acabei a casar [com Liliana Almeida], por isso... [risos]

Acusarem-me de terrorismo é muito diferente de me acusarem de violência domésticaAs queixas por violência doméstica doeram-lhe mais do que a saída atribulada do Sporting?

Sim. Estou a falar em termos do crime em si, não da situação em si. Não é comparável à situação que leva a uma detenção e que se arrasta por dois anos. Estou a comparar os dois crimes, claro. Acusarem-me de terrorismo é muito diferente de me acusarem de violência doméstica. Quando olhamos para o mundo, muita gente ouve terrorismo, olha para aquilo [caso de Alcochete] e ri-se. Sobre a violência doméstica não nos podemos rir. O verdadeiro terrorismo não é uma coisa para nos rirmos, mas chamar àquilo terrorismo é gozar com um dos crimes mais hediondos do mundo. O que se passou em Alcochete foi um crime, sim, mas daí até ser chamado de terrorismo... O próprio Ministério Público, que inventou a teoria do terrorismo, deixou-a cair, até para as pessoas perceberem a gravidade deste julgamento. Não foram os advogados a fazer cair o terrorismo. Foi o próprio MP a perceber a parvoíce. Das três queixas, duas foram de entidades semipúblicas e uma privada. Aliás, o MP nem deu seguimento a nenhuma. Chamou-nos e não deu seguimento a nada. 

Apesar de todas as polémicas, manteve a relação amorosa que iniciou no 'Big Brother Famosos' e casou em direto. Ainda tem noção do impacto mediático que isso gerou?   

Tenho, tenho... [silêncio] Vou responder 'à Bruno'. Foi um dia super bonito para mim. Estive extremamente feliz. Nada do que se passou foi encenado ou feito por ser transmitido. Não houve nada na nossa rotina ou no nosso casamento que fosse alterado porque ia passar na televisão. Há casamentos que se adaptam, mas o nosso não. Fizemos tudo absolutamente normal, ao nosso gosto, à nossa maneira e como nós queríamos e idealizámos. Não vou estar a mentir. Passava lá uma atuação do A ou do B, mas isso não nos impedia a nós de estarmos a fazer as nossas coisas. Se teve uma audiência recorde? Teve. Foi muito bom para as pessoas que estiveram a ver? Foi, com certeza absoluta. Eu não vi, eu vivi a coisa. É isso que eu quero dizer por ter sido passado [na televisão].

Bruno de Carvalho em lágrimas ao ver a chegada de Liliana ao casamento

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O ex-presidente do Sporting e a cantora Liliana Almeida casam dentro de momentos.

Filipe Carmo | 17:36 - 02/09/2022

Surpreendeu tudo e todos com o tema musical 'Castigo'. Como é que isto surgiu?

Eu sou produtor musical, não sou cantor. Tenho efetivamente um gosto muito grande em saber que as minhas músicas - e não estou a contar com o 'Castigo', que duplicaria o valor - têm mais de um milhão de streamings e são ouvidas em mais de 158 países. Essas são as músicas que eu produzo. Todos os anos tenho lançado EP's [Extended Play], singles ou remix autorizados. Fico muito feliz. Acho que as pessoas vão gostar muito da música 'Imortais' com a artista Calua. Neste momento, conseguia fazer sets só com as minhas músicas. O 'Castigo' foi uma história completamente diferente. Um dia fui dar uma entrevista na Afro Music Channel e aparece-me lá um artista engraçadíssimo, que eu não conhecia de lado nenhum. Saltava de um lado para o outro e chamava-me 'cota'. A Liliana disse-me logo que era respeito. Ainda me disse velho… Velho? [risos]. Respeito? Lá fizemos um vídeo e lá percebi que ele se chamava Scró Que Cuia.

Um dia manda-me uma mensagem a dizer "Oh Velho, vamos fazer uma música", mas pensei que ele queria que eu produzisse um som para ele cantar. Passados uns tempos, questionei qual era o tipo de som e quando é que era para avançar, ao que ele me responde que era para cantarmos os dois. Perguntei à Liliana quem ele era e ela explicou-me. Lá pensei "Para cantar?". De facto, nunca fiz isto na vida e pensei que uma vez não fazia mal, logo na terra [Angola] que viu a minha mãe nascer. Respondi-lhe que sim. Até pensei que ele tivesse desmaiado porque não me respondeu durante duas semanas. Ainda pensou que eu estava a gozar, mas fizemos uma coisa gira. Fingimos que nos zangámos um com o outro e que estávamos em treino para nos batermos mutuamente. Nas redes sociais já se dizia "O branco quer bater no não sei quê, vai para a tua terra". Uma confusão generalizada.

Passámos um dia muito divertido em que nos rimos imenso a fazer o videoclipe e batemos uma série de recordes. Fiquei contente, não como cantor, até porque não sou cantor nenhum e nem é uma coisa que eu queira fazer, mas marquei um bocadinho da história musical na terra da minha mãe. Uma amiga minha até me ligou a dizer que ela é que queria ser cantora e que eu ainda tive um êxito primeiro. Ficam grandes recordações. Depois fizemos o 'Aqueceu', mais para dar ali um boost na Liliana, com uma estratégia diferente, mas não correu igual. Gosto de produzir e de convidar cantores para cantarem as músicas, não gosto de ser eu [a cantar].

Para lá da música e do 'Big Brother', passou ainda pelo programa 'TVI Extra', num registo mais formal e menos polémico. Por que motivo aceitou ser comentador num programa de crónica social?

Sempre o foco, que é a minha base do entretenimento. Eu quero que as pessoas percebam que posso ter registos e, mesmo no campo do social, conseguir manter uma postura que as pessoas não estavam à espera. O Flávio disse-me que achava que eu iria ser o mais incendiário de todos, mas que afinal era o tipo com mais cabeça e o mais ponderado de todos [os comentadores]. Eu quero que as pessoas percebam que, desde que saibamos o nosso papel, todos nós temos vários papéis na nossa vida e há que saber como nos podemos adaptar às situações. Já estive nos Emirados Árabes Unidos em casa de príncipes, tal como já estive a almoçar, em empresas de construção, no meio do chão, com os meus pedreiros e os meus serventes. E sempre com a mesma alegria e o bem-estar, não é essa coisa de só saber comer com três garfos de um lado e três facas do outro.

Quando eu aceito esses desafios, é na perspetiva de se perceber que eu consigo estar em vários formatos, com a mesma qualidade. Todos sabem que eu não sou muito ligado ao social, mas ficaram espantados porque falei sobre os temas sem ter aquela necessidade de falar mal ou de atacar alguém. Detesto isso e as pessoas normalmente descambam sempre para aí, nas suas descargas emocionais e no que pensam da pessoa A e da pessoa B. Eu não, falo sobre o facto em si. Se puder tirar a pessoa do contexto e falar do facto em si, ainda melhor. Há uma parte muito forte em mim de entretenimento, até porque quero enveredar pela situação do acting, mas também penso seriamente em ter, um dia, um programa de apresentação.

Tenho sentido muito mais um carinho das pessoas ao ser humano Bruno e cada vez mais um afastamento da figura do clube [Sporting]Gostou mais de estar em programas de diversão como 'A Máscara' e o 'Congela' ou num reality show como o 'Big Brother'?

São situações distintas. Eu já tinha estado para entrar n'A Máscara' e houve ali um dia que, por uma questão profissional, não atendi o telefone e tinha ficado de dar a resposta. Depois entrei e diverti-me muito. Gosto deste género de programas que me desafiam, como o 'Congela' também, por mais que isto que estou a dizer possa parecer clichê. O 'Big Brother' ou o 'Secret Story' já não é assim. Vou para lá ser o que eu sou. Um programa como o 'Congela' tem estratégia, ao ter de superar provas em que levamos com meias mal cheirosas na cara ou com baratas, mental e emocional. No 'Big Brother', a certa altura, já não é superação e mais parece um suplício. Até foi a minha frase que ficou marcada no primeiro [programa], mas também ninguém me aponta nenhuma arma, atenção…

Apesar de tudo, voltou a entrar num reality show, desta vez no 'Secret Story - Desafio Final', e a meio do programa, novamente entre o registo cómico e de discussão. Fica desiludido com a classificação final [sexto lugar]?

Não, não, não… Volto a dizer. Tenho sempre o meu foco. Quando tu entras num programa daqueles e vês aquele andamento… Eu até já disse que tenho três filhas e graças a Deus não têm a má educação que eu vi ali. Eu fiquei de boca aberta, sinceramente [risos]. Houve pessoas que achei muita graça e com quem ainda me dou bem, mas aquilo… 'Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores'. Não me importa nada… Há aqui também uma parceria com a TVI, apesar dos programas que já fiz com a SIC, que as pessoas veem como evidente e vão percebendo a minha forma de ser e estar, bem como o talento que tenho.

Tenho sentido muito mais um carinho das pessoas ao ser humano Bruno e cada vez mais um afastamento da figura do clube [Sporting]. Enquanto ser humano, gosto. Acho que deve ser assim. As pessoas devem olhar para mim e avaliar-me, neste momento, pelo que faço, enquanto DJ, pessoa de entretenimento, alguém que vai fazer uma peça… Já não é só o antigo presidente, há a pessoa Bruno e estes programas têm ajudado nessa transição, que eu considero boa para aquilo que quer fazer.

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Apesar de se encontrar dentro da casa do 'Secret Story - Desafio Final', o antigo presidente do Sporting foi informado da morte de Pinto da Costa.

Notícias ao Minuto | 07:15 - 17/02/2025

Enquanto se encontrava fechado numa casa e era assistido por milhões de pessoas, havia algo que lhe gerasse extrema curiosidade ou ansiedade, como os resultados desportivos do Sporting, por exemplo?

Não. Tenho de ser sincero. Isto parece muito frio, mas já falei disto com pessoas que concorreram. Eu estava ali a ser pago e sabia perfeitamente para aquilo que ia. Faz-me uma confusão descomunal que as pessoas percam a noção das coisas. Se eu estou a ser pago… O meu propósito no primeiro [programa] era ganhar, mas só quando decidi ficar. Quando entrei pensei que iriam ser uma ou duas semanas, mas a partir do momento em que me apaixonei, já não só queria ficar, como ganhar. Não posso fazer de me coitadinho porque há câmaras e tal. Este é um trabalho e estão-me a pagar. Há tanta gente que não tem trabalho… Posso dizer que aquilo é um suplício ou uma seca, mas não posso dizer que me cria arrepios ou ansiedade. Zero. É um trabalho como outro qualquer.

Eu sei o que é ter casa desde os 21 anos. Se eu só tivesse de aspirar a casa uma vez por semana, era um homem feliz da vida [risos]. Depois tinha uns tipos a chatear-me a cabeça e a dar-me uns prémios, como o mais idiota. Ficavam muito ofendidos a dizer que não eram hipócritas. Como assim? Eu sou [hipócrita], foi muito bem dado o prémio. Era o que lhes dizia. Queria lá eu saber o que o fulano A ou B achavam de mim. Se quiserem, eu vou lá buscar os prémios maus todos para mim, desde que não venham com tretas… Lembro-me perfeitamente do Kasha, quando eu lhe disse que era um hipócrita. O homem fez uma fita descomunal. O que é que isso importa? Houve uma vez, num jogo, que levei com dez hipopótamos, em que era considerado o mais estúpido e tal. Ainda tenho ali tudo guardado. Adoro. Se eu estou a ser pago, vou-me arreliar com pessoas que não me dizem nada? Não querem, não vão para lá.

As pessoas têm a noção clara do meu valor. Por algum motivo, ainda não sou sócio [do Sporting] outra vez (...) Acredito que fui a pessoa mais investigada em tudo, em PortugalAtendendo a todo o percurso no entretenimento, considera que as portas já se fecharam para si no desporto, seja como comentador, dirigente ou noutra função?

Acho que não se fecharam as portas… As pessoas têm a noção clara do meu valor. Por algum motivo, ainda não sou sócio [do Sporting] outra vez. Enquanto houver empresas de estatísticas a dizer que sou um concorrente [a presidente] que pode ganhar, garantidamente que nunca poderei ser sócio. Não é por uma pessoa enveredar pela área do entretenimento, que não pode voltar a um mundo mais sério. Há muitos que dizem isto que vou dizer da boca para fora, mas eu digo-o com factos provados. Estamos na altura mais evoluída de sempre e acredito que fui a pessoa, em Portugal, mais investigada em tudo. Levantaram-me sigilos bancários e investigaram-me não sei quantas vezes. Acho até que há uma série de organizações que sabem quantos pelos tenho no peito. Até a dormir vieram contá-los. Isso é o meu orgulho. É isso que me faz pensar que, se um dia me apetecer sair desta vida ou conciliar com outra realidade que não a do entretenimento, tenho moral para isso.

Fui tão investigado, mesmo por esta malta que entrou no Sporting e que rapidamente fez uma auditoria de gestão por causa do Batuque [clube de Cabo Verde]. Por acaso, sempre foi o instrumento que gostei mais. Lá se descobriu que, no protocolo, afinal lá havia o Jovane Cabral. Não descansaram enquanto não correram com eles. É de bradar aos céus. Se tivessem descoberto que eu era um mal formado, percebo. Agora, depois de tudo o que tentaram, fizeram e vasculharam, não ficaram contentes e ainda foram pedir para fazer queixas. O atual presidente do Sporting [Frederico Varandas] até falou de eu ter participado num programa de televisão. Deve ter feito uma confusão descomunal na cabeça das pessoas. Não vejo mal nenhum em estar no entretenimento. É uma forma honrada de estar na vida. O que não é honrado é apagarmos as pessoas da história ou mentirmos sobre as pessoa. Se um dia me apetecer voltar ao futebol, ou conciliar as coisas, farei com todo o gosto. As pessoas podem não gostar de A, B ou C, mas sabem que sou honesto e genuíno, no bom e no mau. Para esta sociedade que temos, já é muito bom sermos genuínos. Ninguém pode confiar em ninguém…

O que nos pode dizer sobre a peça de teatro que está prestes a ser lançada?

Essa peça era para ter estreado em 2022. Chama-se 'Bardamerda para o terrorista'. Surge na sequência de uma célebre frase do meu tio-avô, o Almirante Pinheiro de Azevedo, que foi Primeiro-ministro de Portugal. Houve uma altura em que lhe chamavam fascista e ele disse 'Bardamerda para o fascista'. É uma história ficcionada de um cenário em que eu tivesse decidido enveredar pelo terrorismo. Sou mesmo muito exigente. Estou a trabalhar nisto há quase quatro anos e agora posso dizer que está top. As pessoas vão adorar. Demorou até que eu pudesse dizer isto.

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Presidente do Sporting referiu que não tolera a “desonestidade e a hipocrisia”, utilizando a expressão "Bardamerda".

Notícias Ao Minuto | 13:35 - 06/03/2017

Inicialmente, não estava com o guião como eu queria, nem com as pessoas que eu queria, mas formou-se uma equipa fantástica. Em palco, estou eu e o Mário Bomba. O encenador é o Hélder Gamboa, de mão cheia, com trabalhos magníficos. É um dos mais conceituados. A produção é feita pela Zita Aleluia, já depois de ter falado com ela e com o marido [Luís Aleluia], que entretanto faleceu [em 2023]. O guião foi escrito pelo Pedro Sousa. Acabámos agora os ensaios de texto e estamos agora a começar os ensaios de marcação para passarmos para os de palco. Precisei de quatro anos para montar aquilo. Não posso permitir a mim, nem àqueles que gostam de mim, um falhanço. Não posso… Vou ter tanta gente na plateia a rezar por isso. Graças a Deus, a maioria não vai estar [a assistir], mas alguns vão rezar por isso. Expandir pelo território nacional? Vamos fazer uma digressão. Não tenho dúvida nenhuma. Nenhum de nós tem. As pessoas vão ficar rendidas, mesmo aquele 1% [de haters] irá adorar. Está mesmo muito giro. Um trabalho maravilhoso. Estou muito feliz e satisfeito.

O jogo do 'Prefere...?'

Prefere estar no entretenimento ou no desporto atualmente?

Atualmente no entretenimento.

Prefere ser reconhecido no futuro pelo que fez no desporto ou no entretenimento?

Nos dois. Acho que mereço. Só o que fiz no desporto já merece reconhecimento. No entretenimento, há já uma parte que estou a começar, mas em que espero ter reconhecimento também.

Preferia ganhar um campeonato enquanto presidente do Sporting ou vencer um programa televisivo de entretenimento?

Ganhar um campeonato pelo Sporting [risos]. Por amor de Deus… De futebol sénior masculino, atenção. Nas restantes modalidades e nos restantes escalões de futebol ganhei tudo. Mesmo assim, mantenho as minhas dúvidas sobre o campeonato da época 2015/16 [a dois pontos do então tricampeão Benfica]… [risos]

"As minhas filhas perguntaram: 'Pai, bateram nos jogadores do Sporting?'"

O DJ e antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho é o convidado desta quarta-feira do Vozes ao Minuto.

Mariline Direito Rodrigues | 08:00 - 05/02/2025

Leia AQUI a segunda parte da entrevista exclusiva de Bruno Carvalho ao Desporto ao Minuto. 

Todas os meses o Desporto ao Minuto apresenta-lhe uma nova edição da rubrica 'Eu "show" de bola', em que se pretende perceber melhor o que faz alguém 'viajar' do mundo desportivo para a arte do entretenimento.

Leia Também: Bruno de Carvalho e a 'novela Gyokeres': "Confiem no Frederico Varandas"

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