O tema não é novo, mas no final da reunião da Concertação Social, na quarta-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, reiterou a intenção de mexer na lei da greve. O mesmo foi referido, depois, pelo Governo numa publicação partilhada nas redes sociais. Afinal, qual é o objetivo do Executivo relativamente a este tema?
Montenegro sublinhou que a intenção é "consagrar" que "há serviços mínimos que não ponham em causa a proporção entre o exercício do direito à greve e o exercício dos restantes direitos dos demais trabalhadores".
Além disso, também assegurou que eventuais alterações terão respaldo constitucional.
Entretanto, numa publicação partilhada nas redes sociais, o Governo ressalva isso mesmo: "O primeiro-ministro sublinhou que a proposta será objeto de negociação e diálogo com os parceiros sociais, visando conciliar o direito à greve, constitucionalmente garantido, com outros direitos essenciais como o direito a trabalhar, à mobilidade e ao acesso a serviços públicos fundamentais à qualidade de vida".
O que dizem os patrões?
Especificamente sobre alterações à lei da greve, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, referiu que não é um dos temas "prioritários", mas que "não há tabus", enquanto o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, indicou que "o primeiro-ministro teve uma intervenção muito clara", garantindo que o Governo não quer "contestar esse direito", mas fazer ajustamentos.
"Esse direito à greve tem que ser visto na forma como é que poderá em determinadas situações prejudicar milhares e milhares de pessoas", referiu o presidente da CTP, indicando que o primeiro-ministro deu como exemplo os setores da saúde e dos transportes.
Já o presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal afirmou que a lei "deve manter-se no sentido de garantir os direitos dos trabalhadores", mas que esse direito "não deve impedir o direito ao trabalho". "Há direitos que não podem ser levados ao excesso", defendeu Armindo Monteiro, referindo que estes dois direitos "devem estar em sintonia".
E os trabalhadores?
Do lado das centrais sindicais, o secretário-geral da UGT, Mário Mourão, considerou que "não há necessidade de mexer na lei da greve para resolver problemas que têm acontecido", mas demonstrou-se aberto a ouvir a proposta do Governo, alertando que "não há acordo a qualquer custo".
"Estamos dispostos, sim, a dialogar, a negociar e a encontrar aquilo que são os pontos para acordos na concertação social porque é para isso que existe o diálogo na concertação social. Há várias matérias que vão estar em cima da mesa, como a alteração à legislação laboral e portanto vamos ver que propostas vão existir relativamente a essa questão, sendo certo que nós discutiremos tudo mas não acordamos tudo", afirmou.
Por sua vez, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, acusou o Governo de querer "limitar o impacto" das greves e afirmou há "já setores em que os serviços mínimos que são estipulados são superiores ao dia normal de funcionamento que existe nos serviços".
Leia Também: PM quer serviços mínimos que "garantam equilíbrio" entres vários direitos