Ryland Headley, um cidadão britânico de 92 anos foi considerado culpado, na terça-feira, da violação e homicídio de uma mulher, há quase 60 anos, e condenado a uma pena de prisão perpétua, no Reino Unido. Durante a leitura da sentença, o juiz fez questão de frisar que o idoso "nunca será libertado e morrerá na prisão".
O caso - um dos mais antigos por resolver no Reino Unido - remonta a 28 de junho de 1967, quando o homem invadiu a casa de Louisa Dunne, uma mulher de 75 anos, no oeste da Inglaterra. Depois, violou-se e estrangulou-a até à morte.
"A violação da sua casa, do seu corpo e, por fim, da sua vida foi um ato impiedoso e cruel de um homem depravado", considerou o juiz Derek Sweeting, durante a leitura da sentença no Tribunal da Coroa de Bristol, citado pela agência de notícias The Associated Press (AP).
O juiz considerou ainda que "a natureza destes crimes demonstra um total desrespeito pela vida e dignidade humanas" e que a vítima "era vulnerável, era uma mulher idosa e pequena que vivia sozinha", tendo sido usada "como um meio para atingir um fim".
"Pode não ter tido a intenção de matar, mas violou-a e atacou-a brutalmente", acrescentou, citado pela BBC.
Headley, na altura com 34 anos, entrou por uma janela e deixou uma impressão da palma da mão no vidro. Na altura, a polícia recolheu as impressões de mais de 19 mil homens e meninos da região para resolver o crime, mas não encontrou nenhuma correspondência.
O homem mudou-se da área e violou outras duas mulheres no final da década de 1970, tendo chegado a cumprir pena de prisão. No entanto, o seu ADN só foi recolhido em 2012 durante uma detenção não relacionada com o caso.
Headley acabou por ser detido em novembro do ano passado, após o caso ter sido reaberto, em 2023, pela polícia de Avon e Somerset, em Bristol. Graças ao avanço da tecnologia e dos exames forenses, apurou-se que o sémen encontrado na saia de Dunne correspondia ao seu ADN, bem como a impressão palmar deixada na janela.
O cadastro criminal do arguido contribuiu também para o caso, pois foram encontradas semelhanças com os outros dois ataques que fez, em 1977, quando invadiu a casa de duas mulheres idosas, de 70 e 80 anos, em Ipswich, e violou-as.
"Ouvir as vozes das vítimas dos seus crimes de 1977 é incrivelmente poderoso e angustiante", afirmou o detetive inspetor Dave Marchant.
Presente na leitura da sentença, a neta de Dunne, Mary Dainton, que agora tem aproximadamente a mesma idade que a avó tinha quando foi morta, disse que ficou chocada ao saber da detenção de Headley.
"Aceitei que alguns homicídios nunca são resolvidos e que algumas pessoas têm de viver com esse vazio e tristeza", afirmou.
"Tenho enfrentado dificuldades emocionais que não esperava. Há um estigma associado à violação e ao homicídio. Isso virou a minha vida de cabeça para baixo. Sinto-me triste e muito cansada, o que afetou as minhas relações com as pessoas próximas", acrescentou, lamentando que "todas as pessoas que conheciam e amavam a Louisa não estejam aqui para ver que a justiça está a ser feita".
Segundo o juiz, o facto de Headley ter escapado tantos anos impune, agravou o sofrimento da família.
O homem, que negou as acusações, foi condenado a prisão perpétua, e terá de cumprir um período mínimo de 20 anos até poder pedir liberdade condicional.
"Nunca será libertado e morrerá na prisão", frisou o juiz.
️ Ryland Headley has been sentenced at Bristol Crown Court today to life in prison with a minimum term of 20 years. He was convicted yesterday of the rape and murder of Louisa Dunne in 1967.
— Crown Prosecution Service (@CPSUK) July 1, 2025
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A procuradora Charlotte Ream afirmou, por sua vez, que a condenação "é uma demonstração do empenho da CPS [procuradoria britânica] e dos parceiros na polícia em fazer justiça às vítimas de crimes, independentemente do número de anos - ou décadas - que tenham passado".
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