As suspeitas sobre os autores do ataque recaíram imediatamente sobre os hutis, uma vez que uma empresa de segurança referiu que barcos 'drones' com bombas terão atingido o navio após ter sido alvo de armas ligeiras e granadas propulsionadas por foguetes.
Os meios de comunicação social dos rebeldes noticiaram o ataque, mas não o reivindicaram e pode demorar horas ou mesmo dias até reconhecerem a autoria.
Uma nova campanha huti contra o transporte marítimo poderia atrair novamente as forças norte-americanas e ocidentais para a área, especialmente depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter visado os rebeldes com uma grande campanha de ataques aéreos.
O ataque ocorre num momento delicado no Médio Oriente, quando um possível cessar-fogo na guerra entre Israel e o Hamas em Gaza está em jogo e o Irão pondera se deve reiniciar as negociações sobre o seu programa nuclear, na sequência de ataques aéreos norte-americanos contra as suas instalações atómicas mais sensíveis, no meio de uma guerra israelita contra a república islâmica.
"É provável que sirva como mensagem de que os hutis continuam a ter a capacidade e a vontade de atacar alvos marítimos estratégicos, independentemente da evolução diplomática", escreveu Mohammad al-Basha, analista do Iémen na empresa de consultoria de risco Basha Report.
O centro militar de operações comerciais marítimas do Reino Unido disse inicialmente que uma equipa de segurança armada no navio não identificado tinha respondido ao fogo contra um ataque a cerca de 100 quilómetros (60 milhas) a sudoeste de Hodeida, no Iémen, sob domínio dos rebeldes hutis do país.
Mais tarde, a mesma fonte avançou que o navio estava a arder depois de ter sido "atingido por projéteis desconhecidos".
🇾🇪🇵🇸There is a ship in the Red Sea currently on fire and on its way to sinking. pic.twitter.com/4bec4ld3Kq
— Middle Eastern Affairs (@Middle_Eastern0) July 6, 2025
A Ambrey, uma empresa privada de segurança marítima, emitiu um alerta dizendo que um navio mercante tinha sido "atacado por oito botes enquanto transitava em direção ao norte, no Mar Vermelho".
A empresa referiu mais tarde que o navio também tinha sido atacado por 'drones' com bombas, dos quais dois atingiram o navio, enquanto outros dois foram destruídos pelos guardas armados a bordo.
O centro de operações comerciais marítimas do Reino Unido disse que o navio estava a meter água e a sua tripulação tinha abandonado a embarcação.
As autoridades não identificaram a embarcação de imediato, mas a descrição do navio visado coincidia com a do graneleiro de bandeira liberiana "Magic Seas", que transmitira que se encontrava uma equipa de segurança armada a bordo nas proximidades do local do ataque e que se dirigia para norte.
O EOS Risk Group, outra empresa de segurança marítima, identificou o navio como sendo também um navio de bandeira liberiana e os proprietários do "Magic Seas" não responderam ao contacto da Associated Press.
Os rebeldes hutis têm lançado ataques com mísseis e 'drones' contra navios comerciais e militares na região, naquilo que a liderança do grupo descreveu como um esforço para pôr fim à ofensiva de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Entre novembro de 2023 e janeiro de 2025, os hutis atacaram mais de 100 navios mercantes com mísseis e 'drones', afundando dois deles e matando quatro marinheiros, levando à redução do fluxo de comércio através do corredor do Mar Vermelho.
Os hutis interromperam os ataques num cessar-fogo autoimposto até que os EUA lançaram um amplo ataque contra os rebeldes, em meados de março, e embora não tenham atacado embarcações continuaram a realizar ataques ocasionais com mísseis contra Israel.
Entretanto, uma guerra mais ampla, que dura há uma década, no Iémen, entre os hutis e o governo exilado do país, apoiado por uma coligação liderada pela Arábia Saudita, continua num impasse.
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