A ministra do Meio Ambiente brasileira, Marina Silva, voltou a ser alvo de ataques após ter regressado ao Congresso para prestar esclarecimentos na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados sobre queimadas e desmatamentos.
"A senhora tem dificuldades com o agronegócio porque a senhora nunca trabalhou, a senhora nunca produziu, não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho. Todo o mundo sabe, o mundo sabe que a senhora tem um discurso alinhado com essas ONGs internacionais", disse um deputado à ministra, citado pelo G1.
O mesmo deputado acusou ainda Marina Silva de fazer um "adestramento" de esquerda e de ter um discurso que "vale para um lado e não vale para outro", tendo ainda sido chamada de mal-educada.
O deputado Evair Vieira de Melo chegou ainda a referir que o "modus operandi da ministra não é algo isolado", comparando a sua estratégia com as do "movimento revolucionário da América Central" e com "a mesma estrutura que o Hamas e o Hezbollah usam".
Acabaram de comparar a ministra Marina Silva às FARC, Hamas e Hezbollah no Congresso. Isso ultrapassa todos os limites. É inaceitável que uma mulher com a trajetória dela seja alvo, mais uma vez, do ódio bolsonarista. pic.twitter.com/B7rbbl80HH
— Bruno Guzzo® (@BrunoGuzz0) July 2, 2025
Em resposta aos ataques, a ministra referiu que antes de entrar para a sessão havia rezado e que estava em "paz".
"Depois do que aconteceu no Senado [...], as pessoas iam achar muito normal fazer o que está acontecendo aqui num nível piorado", afirmou, acrescentando que foi "terrivelmente agredida".
Conta o site brasileiro que, durante a sessão, vários deputados atacaram a gestão de Marina Silva enquanto ministra, dizendo que ela era "vergonha" e que deveria "pedir a demissão".
Por sua vez, o presidente da comissão de Agricultura disse que a ministra se apresenta como um "símbolo de defesa ambiental". No entanto, considera-a protagonista de "um dos capítulos mais contraditórios e desastrosos da política ambiental brasileira".
De recordar que a Marina Silva esteve envolvida numa polémica, em maio passado, quando o senador Marcos Rogério se dirigiu à ministra e disse: "Se ponha no teu lugar"
O senador Marcos Rogério interrompeu e afirmou: "Ministra, depois faça uma reunião lá da equipe do governo e faça esse debate. Vamos seguir o debate da reunião".
Na altura, a polémica atravessou o Atlântico e Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, reagiu ao sucedido, dizendo que era "mais um exemplo lamentável dos obstáculos que as mulheres enfrentam na vida pública e política".
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