O presidente do Irão, Masoud Pezeshkian, aprovou esta quarta-feira uma lei para suspender a cooperação com a agência nuclear das Nações Unidas, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
A informação é avançada pela comunicação estatal iraniana, citada pela Reuters, que lembra que a medida já tinha sido apresentada no parlamento no mês passado.
A medida surge depois de o parlamento iraniano, o Majlis, ter aprovado, a 25 de junho, um projeto de lei que autorizava a suspensão, acusando a AIEA de parcialidade política e de alinhamento com as ações hostis de Israel e dos Estados Unidos.
Recorde-se que numa conversa telefónica recente com Emmanuel Macron, Masoud Pezeshkian afirmou que a recente decisão do parlamento iraniano de romper a cooperação com a AIEA "é uma resposta natural à conduta injustificada, não construtiva e destrutiva" que atribuiu a Grossi.
O Presidente iraniano acusou Grossi de "fornecer relatórios falsos sobre o programa nuclear" do Irão e de não ter condenado os recentes ataques de Israel e dos Estados Unidos contra as instalações nucleares da República Islâmica.
"Este comportamento não é de forma alguma aceitável para nós", afirmou, citado pela agência noticiosa oficial iraniana IRNA.
Conflito no Médio Oriente
Israel lançou uma ofensiva contra o Irão em 13 de junho, com ataques contra instalações nucleares e militares que causaram a morte de altos comandos das forças armadas e de vários cientistas do programa nuclear.
As autoridades israelitas justificaram a ofensiva com a alegação de que o Irão estava prestes a conseguir uma bomba atómica, o que Teerão negou, afirmando que o programa nuclear do país se destinava a fins civis, nomeadamente a produção de energia.
Oito dias depois, os Estados Unidos atacaram as centrais nucleares Fordo, Natanz e Isfahan.
O Irão anunciou hoje que os ataques, que cessaram entretanto, causaram mais de 900 mortos.
Pezeshkian reafirmou que o Irão não tenciona construir armas nucleares e que os ataques de que foi alvo ocorreram quando participava em negociações com os Estados Unidos.
"O que é ainda mais lamentável é que, em vez de denunciarem e condenarem, os defensores dos direitos humanos e do direito internacional tentaram justificar esta ação desumana e ilegal do regime sionista e dos Estados Unidos", afirmou.
Pezeshkian levantou a questão de saber por que razão Israel, que não é membro do Tratado de Não-Proliferação (TNP), ao contrário do Irão, não é alvo de inspeções e relatórios da AIEA por ter armamento nuclear.
Questionou ainda que garantia terá o Irão de que as instalações nucleares do país não voltarão a ser atacadas mesmo que volte a cooperar com a AIEA, uma agência da ONU com sede em Viena, a capital da Áustria.
Pezeshkian referiu que o Irão quer resolver as questões apenas através da diplomacia e disse esperar que as organizações internacionais como a AIEA trabalhem para a paz, segundo a IRNA.
A agência oficial iraniana noticiou também que Macron disse a Pezeshkian que a França foi um dos primeiros países a condenar os ataques de Israel e dos Estados Unidos contra o Irão, e defendeu a continuação da cooperação de Teerão com a AIEA.
[Notícia atualizada às 08h30]
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