"A decisão das autoridades chinesas de encerrar a investigação sobre os conhaques europeus, prevendo um amplo âmbito de isenções, é um passo positivo para muitos participantes da indústria do conhaque e do Armagnac. Saúdo isso", enfatizou Jean-Noël Barrot numa declaração escrita à AFP.
"No entanto, permanecem vários pontos importantes por resolver, em particular a exclusão de certos participantes do âmbito das isenções", enfatizou.
Numa conferência de imprensa em Paris com o seu homólogo chinês, Wang Yi, Barrot citou em particular "a exclusão de certas empresas do acordo, bem como o levantamento das restrições de isenção de impostos".
"Observo, a este respeito, que [Wang Yi] informou o Presidente da República (Emmanuel Macron) há alguns instantes que haverá uma solução adequada", declarou.
Pequim anunciou hoje que vai impor, a partir de sábado, taxas 'antidumping' sobre algumas bebidas espirituosas importadas da União Europeia (UE), sobretudo o conhaque francês, em resposta às taxas impostas por Bruxelas sobre veículos elétricos fabricados na China.
Em comunicado, o Ministério do Comércio chinês indicou que as taxas mais elevadas incidirão sobre o grupo francês Hennessy, que enfrentará um imposto de 34,9%. As casas Rémy Martin e Martell serão taxadas em 34,3% e 27,7%, respetivamente, mas Pequim abriu a porta a isenções.
Sob a condição de manterem os seus preços acima dos níveis mínimos, as autoridades chinesas concordaram em isentar alguns dos maiores fabricantes de conhaque das tarifas alfandegárias.
A medida surge um dia antes da publicação das conclusões da investigação 'antidumping' conduzida por Pequim às importações de brandy europeu - bebidas espirituosas destiladas a partir de vinho, essencialmente conhaque -, que começou como retaliação à investigação europeia sobre apoios estatais chineses à indústria de veículos elétricos.
'Dumping' consiste na venda a preço inferior ao custo de produção.
A China absorve cerca de um quarto das exportações de conhaque francês e as medidas impostas por Pequim durante a investigação penalizaram os principais produtores franceses desta bebida espirituosa, que afirmam estar a perder 50 milhões de euros por mês.
Desde o outono passado, os importadores já eram obrigados a depositar uma caução junto das alfândegas chinesas, no âmbito de medidas provisórias impostas por Pequim.
A associação que representa os produtores franceses de conhaque (BNIC) reagiu ao anúncio de Pequim considerando-o um resultado "menos desfavorável".
Para o ministro francês, a indústria do conhaque foi "salva".
O diálogo com Pequim, adiantou, "permitiu criar uma atmosfera propícia à procura de soluções construtivas para algumas divergências".
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou hoje na conferência de imprensa que "foi alcançado um consenso importante" e fez questão de distinguir Pequim ade "certos países importantes", referindo-se particularmente aos Estados Unidos, que "usam as tarifas aduaneiras como arma e abusam da noção de segurança".
"Estas ações [dos Estados Unidos] perturbam seriamente a estabilidade das cadeias de abastecimento industriais e prejudicam gravemente os interesses comuns da comunidade internacional", afirmou Wang.
"Aumentar a competitividade não passa por muros ou barreiras", adiantou.
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