Dimas Manuel Marques Teixeira é um nome que poderá passar algo despercebido para os mais jovens, mas a verdade é que se afirmou como uma referência do futebol português no passado século, embora a sua maior conquista nacional tenha acontecido já no presente milénio, no encerramento da sua carreira.
Nascido na África do Sul, em 1969, ainda antes do célebre (e revolucionário) 25 de abril de 1974, o antigo lateral-esquerdo veio para Portugal durante a sua infância e começou a dar nas vistas na Académica, a partir de 1985, sendo que a sua estreia pela equipa principal aconteceu na época 1987/88, quando o clube de Coimbra competia na I Liga. Seguiram-se duas temporadas no segundo escalão do futebol português, com destaque, pelo meio, para a estreia pelos sub-21 de Portugal e ainda para a participação no apuramento da seleção nacional para os Jogos Olímpicos de 1988.
De Coimbra para Lisboa, Dimas regressaria à elite do futebol nacional pela porta do Estrela da Amadora (1990/91), porém, à semelhança do que havia acontecido na Académica, não evitou a descida da sua equipa à II Liga na época seguinte. Após nove golos em 96 jogos pelos estudantes e sete remates certeiros em 67 partidas pelos tricolores, eis que chegava a hora de, aos 23 anos, fixar-se na I Liga.
O ex-defesa rumou a Guimarães e destacou-se ao serviço do Vitória SC durante duas épocas, estreando-se nas provas europeias, ao disputar a então designada Taça UEFA, em 1992/93, ao lado de nomes sonantes como Pedro Barbosa e Paulo Bento. Bastou um golo (frente ao Sporting) em 71 jogos pelos vimaranenses, para além de todo o 'perfume' deixado em campo, para chamar à atenção do Benfica, que o contratou no verão de 1994.
Dimas esteve duas épocas e meia ao serviço do clube da Luz, até que deixou Portugal para 'abraçar' equipas no estrangeiro.© Getty Images
É certo que Dimas, titular indiscutível na equipa de Artur Jorge, não conquistou títulos na primeira temporada no Benfica - ao lado de jogadores como Neno, Abel Xavier, João Vieira Pinto, Vítor Paneira e Isaías -, mas não só jogou pela primeira vez na Liga dos Campeões, como ainda cumpriu o sonho de se estrear pela seleção nacional, em agosto de 1995, na goleada frente ao Liechtenstein (0-7), na fase de qualificação para o Campeonato da Europa de 1996, ao ter sido chamado pelo selecionador António Oliveira.
Na segunda época, já às ordens de Mário Wilson, Dimas ajudou o Benfica a vencer a Taça de Portugal (1995/96), até que cumpriu apenas meia temporada na época seguinte, de forma a rumar à Juventus, naquela que seria a sua primeira experiência, deixando as águias com um registo de cinco golos e muitas assistências em 99 jogos.
Antigo internacional português realizou um total de 44 jogos pela seleção das quinas.© Getty Images
Pelo clube de Turim, o antigo internacional português não tardou em conquistar um lugar no onze inicial de Marcello Lippi, ajudando mesmo a sua nova equipa a conquistar dois campeonatos de Itália de rajada (1996/97 e 1997/98), para além de uma Supertaça italiana (1997).
Dimas despediu-se da Serie A, já no decorrer da época 1998/99, sem golos apontados em nenhuma das 57 partidas, rumo à Turquia, para representar o Fenerbahçe, com quatro golos em 28 jogos, até que se seguiu uma aventura na Bélgica, com um total de 17 partidas pelo Standard Liège na temporada 1999/2000. Pelo meio, o antigo defesa jogou e fez jogar na seleção nacional, com destaque para as participações nos Europeus de 1996 e de 2000, ao lado de grandes nomes como Vítor Baía, Jorge Costa, Sérgio Conceição, Rui Costa, Luís Figo, Pauleta, Domingos Paciência e Nuno Gomes.
Na viragem do milénio, Dimas optou por regressar a Portugal para terminar a carreira, ao serviço do Sporting, onde começou por conquistar a Supertaça Cândido de Oliveira (2000), tendo ainda voltado a 'saborear' os jogos da Champions. A verdade é que, numa época em que os leões foram treinador por Augusto Inácio, Manuel Fernandes e Fernando Mendes, o ex-jogador, já com 31 anos, não se afirmou como desejaria, mas conquistou o que queria.
Dimas pendurou as chuteiras ao serviço do clube de Alvalade, com o registo de dois golos em 16 jogos.© Getty Images
Com dois golos em 13 jogos na primeira época, para além de apenas três encontros na segunda temporada, Dimas foi emprestado ao Olympique Marseille (onde não foi além dos sete duelos), mas acabou por fazer parte das conquistas do Sporting da I Liga e da Taça de Portugal em 2001/02, época em que ainda deu por terminado o seu contributo à seleção de Portugal, num jogo particular diante de Espanha (1-1), em fevereiro de 2002, totalizando 44 internacionalizações, embora sem golos apontados.
Curiosamente, em menos tempo, Dimas arrecadou mais títulos (3) no Sporting do que no rival Benfica (1), onde havia dado nas vistas para se aventurar lá fora. Certo é que a sua ligação ao futebol não ficou por aí e, mais tarde, aventurou-se como treinador, nomeadamente como adjunto de de José Morais ao serviço dos ingleses do Barnsley (2017/18), dos ucranianos do Karpaty (2018/19) e dos sul-coreanos do Jeonbuk Motors (2019).
Em 2020/21, o antigo futebolista passou pelo B SAD, desde os bês aos sub-23, já como treinador principal, até que se juntou novamente a José Morais no Al Hilal, na referida época, antecedendo a mais recente passagem pelos turcos do Bodrumspor, na última temporada.
De resto, Dimas já foi nomeado como embaixador da Liga Portugal e, já com o diploma da UEFA PRO enquanto treinador, não será de admirar que se possa aventurar como técnico principal de uma equipa, seja em Portugal, ou no estrangeiro. A seu tempo saberemos.
Todas as semanas o Desporto ao Minuto apresenta-lhe uma nova edição da rubrica 'O que é feito de...?', que pretende recordar o percurso de algumas personalidades do mundo futebolístico que acabaram por cair no esquecimento.
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