O memorando foi escrito sob as ordens do diretor da CIA, John Ratcliffe, um apoiante de Trump que se manifestou contra a investigação sobre a Rússia enquanto membro do Congresso.
No documento, é criticada uma avaliação dos serviços de informação de 2017 que concluiu que o Governo russo, sob a orientação do Presidente Vladimir Putin, empreendeu uma campanha de influência secreta para ajudar Trump a vencer.
O memorando não aborda o facto de várias investigações desde então, incluindo um relatório do comité de inteligência do Senado (câmara alta do Congresso), liderado pelos republicanos, em 2020, terem chegado à mesma conclusão sobre a influência e os motivos da Rússia.
O documento de oito páginas faz parte de um esforço contínuo de Trump e de aliados próximos, que agora lideram importantes agências governamentais, para revisitar a história da investigação sobre a Rússia, há muito concluída, que resultou em acusações criminais e manchou a maior parte do primeiro mandato do bilionário, noticiou hoje a agência Associated Press (AP).
O relatório é também o mais recente esforço de Ratcliffe para contestar a tomada de decisões e as ações das agências de informação durante o decurso da investigação sobre a Rússia.
Um defensor acérrimo de Trump no Congresso que questionou agressivamente o ex-procurador especial Robert Mueller durante o seu depoimento em 2019 sobre a interferência russa nas eleições, Ratcliffe utilizou posteriormente a sua posição como diretor de inteligência nacional para desclassificar informações de inteligência russas que alegavam informações prejudiciais sobre os democratas durante as eleições de 2016, mesmo reconhecendo que poderiam não ser verdadeiras.
O relatório citou várias anomalias que, segundo os autores, poderiam ter afetado esta conclusão, incluindo um calendário apressado e a dependência de informações não confirmadas, como a sondagem da oposição financiada pelos democratas sobre os laços de Trump com a Rússia, compilada por um ex-espião britânico, Christopher Steele.
O relatório critica particularmente a inclusão de um resumo de duas páginas do dossiê Steele, que incluía rumores inapropriados e não corroborados sobre os laços de Trump com a Rússia, num anexo da avaliação da comunidade de inteligência.
Embora Ratcliffe tenha criticado os principais responsáveis dos serviços de informação por um "ambiente politicamente carregado que desencadeou um processo analítico atípico", o relatório da sua agência não contradiz diretamente qualquer informação dos serviços de informação anterior.
O apoio da Rússia a Trump foi delineado em vários relatórios de inteligência e nas conclusões de agosto de 2020 do comité de inteligência do Senado, então presidido pelo senador Marco Rubio, que agora desempenha as funções de secretário de Estado de Trump.
Foi também apoiado por Mueller que, no seu relatório de 2019, afirmou que a Rússia interferiu em nome de Trump e que a campanha recebeu bem a ajuda, mesmo que não houvesse provas suficientes para estabelecer uma conspiração criminosa.
As agências de inteligência realizam regularmente relatórios pós-ação para aprender com operações e investigações anteriores, mas é invulgar que as avaliações sejam desclassificadas e divulgadas ao público.
Ratcliffe afirmou que deseja divulgar material sobre diversos temas de debate público e já desclassificou registos relacionados com os assassinatos do presidente John F. Kennedy e do seu irmão, o senador Robert F. Kennedy, bem como com as origens da pandemia de covid-19.
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