Num comunicado, o representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Afeganistão, Arafat Jamal, indicou que a agência está a tentar obter o "financiamento necessário para proteger" os milhões de afegãos que foram deportados ao longo deste ano, dos quais mais de um milhão provém do território iraniano.
Os repatriamentos aumentaram significativamente desde 13 de junho, embora o número mais alto tenha sido registado já a 01 deste mês, dia em que foram registados cerca de 43.000 regressos ao país.
Este número representa um grande aumento em relação às 5.000 pessoas que eram diariamente devolvidas ao país no início do ano.
O aumento deve-se, em grande parte, às deportações realizadas a partir do Paquistão.
Mais de 256.000 afegãos regressaram ao país vindos do Irão apenas durante o mês de junho, um número recorde que fez disparar as preocupações entre as organizações da ONU, que temem que as agências humanitárias não estejam preparadas para atendê-los, tendo em conta o corte generalizado de fundos para a ajuda.
"O pessoal destacado na zona está absolutamente sobrecarregado. O ACNUR conta com trabalhadores adicionais que estão a realizar tarefas essenciais [...] mas, à medida que o financiamento diminui e tendo em conta a quantidade de pessoas que são repatriadas, não seremos capazes de manter esse apoio por mais de duas semanas", alertou Jamal.
O representante do ACNUR para o Afeganistão afirmou que esta situação faz parte de uma "crise complexa" e lembrou que estas deportações ocorrem em "condições extremamente difíceis" para os afetados.
Nesse sentido, denunciou que muitos destes repatriamentos podem "não ser voluntários", o que pode constituir uma violação do Direito Internacional.
Muitos dos afegãos que tiveram de regressar ao país nos últimos meses relataram casos de fortes restrições, assédio e discriminação, tal como salientou o ACNUR, que enfatizou que se verificou um "rápido agravamento da situação para os afegãos nos países fronteiriços".
"Existem enormes desafios para eles, pelo que instamos os países da região a garantir que o regresso ao Afeganistão seja voluntário, seguro e digno. Forçá-los e pressioná-los apenas gera mais instabilidade na região e fomenta o fluxo migratório para a Europa", refere o texto.
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